ATA DA TRIGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 07-5-2001.

 

 


Aos sete dias do mês de maio do ano dois mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Alberto Garcia, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Carlos Nedel, José Fortunati, Maristela Maffei, Paulo Brum, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Sebastião Melo. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Beto Moesch, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Helena Bonumá, Humberto Goulart, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Nereu D'Avila e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Vigésima Nona Sessão Ordinária que, juntamente com a Ata da Vigésima Oitava Sessão Ordinária, deixou de ser votada face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Cassiá Carpes, 05 Pedidos de Providências; pelo Vereador Haroldo de Souza, a Indicação nº 017/01 (Processo nº 1957/01); pelo Vereador João Carlos Nedel, 18 Pedidos de Providências e o Pedido de Informações nº 070/01 (Processo nº 1966/01). Também, foram apregoados os seguintes Ofícios, de autoria do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre: de nº 225/01 (Processo nº 2009/01), solicitando autorização para ausentar-se do País a partir das doze horas do dia dez até o dia doze de maio do corrente, para participar da solenidade do “VI Porto Alegre em Buenos Aires” e da 1ª Cúpula de Prefeitos das Grandes Cidades do Cone Sul, a serem realizados em Buenos Aires, Argentina; de nº 226/01 (Processo nº 2010/01), convidando o Vereador Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, e dois Vereadores indicados por este Legislativo para participarem da cerimônia de abertura e demais atividades culturais que compõem a programação do “VI Porto Alegre em Buenos Aires”, do dia dez ao dia doze de maio do corrente; de nº 227/01, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 011/01 (Processo nº 1999/01); de nº 481/01 (Processo nº 1974/01), convidando o Vereador Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, para participar da solenidade de abertura da 2ª edição da Jornada de Reflexão sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, a realizar-se no dia oito de maio do corrente, às dezenove horas, no Auditório do Serviço Social do Comércio - SESC e solicitando o fornecimento de materiais para o evento. Ainda, foram apregoados os seguintes Requerimentos, de autoria da Vereadora Maria Celeste, deferidos pelo Senhor Presidente: de nº 114/01 (Processo nº 1875/01 - Requer autorização para representar esta Casa na solenidade de lançamento da Campanha do Agasalho 2001, a ser realizada às quinze horas do dia oito de maio do corrente, no Salão Negrinho do Pastoreio do Palácio Piratini); de nº 120/01 (Processo nº 1960/01 - Requer autorização para representar este Legislativo na solenidade de lançamento da 2ª Jornada de Reflexão sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, a realizar-se no dia oito de maio do corrente, às dezenove horas, no auditório do Serviço Social do Comércio - SESC. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 036/01, do Senhor José Menezes Neto, Diretor do Departamento de Gestão do Fundo Nacional de Assistência Social do Ministério da Previdência e Assistência Social; 144/01, do Senhor Sérgio Augusto Parussini, Presidente da Associação dos Administradores, Contadores, Economistas e Estatísticos do Serviço Público Municipal de Porto Alegre - ACESPA. A seguir, foi apregoado Requerimento do Vereador João Antonio Dib, Líder da Bancada do PPB, solicitando, nos termos do artigo 218, § 6º, do Regimento, Licença para Tratamento de Saúde para o Vereador Pedro Américo Leal, do dia sete ao dia nove de maio do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Cláudio Sebenelo, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor José Conrado de Souza, Presidente da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira - FEB - Regional Porto Alegre, que, reportando-se ao transcurso, amanhã, do Dia da Vitória, discorreu sobre a formação e atuação da Força Expedicionária Brasileira - FEB - durante a Segunda Guerra Mundial, destacando a contribuição dos militares brasileiros que lutaram na Europa no intuito de restabelecer a democracia e a paz contra o crescimento da dominação nazi-fascista no mundo. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores José Fortunati, Elói Guimarães, Nereu D’Avila, Reginaldo Pujol, João Carlos Nedel, Raul Carrion, Carlos Alberto Garcia, Sebastião Melo e Cláudio Sebenelo manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e quarenta e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e seis minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, foram apregoados os seguintes Memorandos, firmados pelo Vereador Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre: de nº 059/01, informando que o Vereador João Antonio Dib encontra-se representando este Legislativo na posse da Desembargadora Naele Ochoa Piazzeta, que se realiza hoje, às quatorze horas, no Plenário Ministro Pedro Soares Muñoz do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; de nº 060/01, informando que o Vereador Sebastião Melo representará este Legislativo na solenidade de posse dos novos Juízes Federais Substitutos da 4ª Região, que se realizará hoje, às dezessete horas, no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Em continuidade, foi apregoado Requerimento da Vereadora Sofia Cavedon, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, do dia sete ao dia onze de maio do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossada na vereança a Suplente Berna Menezes, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Na ocasião, foram apregoadas Declarações firmadas pelo Vereador Estilac Xavier, Líder da Bancada do PT, informando o impedimento dos Suplentes José Valdir e Darci Campani em assumirem a vereança do dia sete ao dia onze de maio do corrente, em substituição à Vereadora Sofia Cavedon. Também, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Antonio Hohlfeldt, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje. Após, constatada a existência de quórum, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Sebastião Melo, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. A seguir, foi iniciado o período de GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a assinalar o transcurso do sexagésimo aniversário de fundação da Justiça do Trabalho, nos termos do Requerimento nº 071/01 (Processo nº 1118/01), de autoria do Vereador Sebastião Melo. Compuseram a Mesa: o Vereador Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Darcy Carlos Mahle, Presidente do Tribunal Regional do Trabalho - 4ª Região; a Senhora Belatrix Costa Prado, Vice-Presidenta do Tribunal Regional do Trabalho - 4ª Região; o Senhor Mário Graz­ziotin, Vice-Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB - Seccional Rio Grande do Sul; o Senhor João Paulo Caminha de Souza Ribeiro, representante da Procuradoria da União no Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Reinaldo Félix Alves Bertoi, representante da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul - AJURIS; o Senhor Saul Calvetti, Presidente da Caixa de Assistência da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Rio Grande do Sul; o Major Caio Márcio Coutinho, representante do 5º Comando Aéreo Regional - 5º COMAR. Também, o Senhor Presidente registrou as seguintes presenças, como extensão da Mesa: da Senhora Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, Corregedora Regional da Justiça do Trabalho; do Coronel Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul; da Capitã-Tenente Irla Maria Pinto de Menezes, representante da Marinha; da Senhora Dulce Padilha, Juíza do Tribunal do Trabalho - 4ª Região; do Senhor José Fernando Elers de Moura, Diretor da Escola de Magistratura do Trabalho - FEMARGS; do Senhor João Batista Pereira, representante do Tribunal Regional do Trabalho. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Sebastião Melo discursou sobre os motivos que levaram Sua Excelência a propor a presente homenagem, tecendo considerações acerca dos fatores sócioeconômicos e políticos que propiciaram o desenvolvimento da luta pelos direitos trabalhistas brasileiros e ressaltando a importância da Constituição Federal outorgada em mil novecentos e trinta e sete como um marco decisivo para a consolidação da justiça trabalhista no País. A Vereadora Maristela Maffei, homenageando a Justiça do Trabalho pelo transcurso dos sessenta anos de sua existência, procedeu a relato histórico dos principais fatos que marcaram a trajetória da Organização Internacional do Trabalho - OIT e salientou a importância da manutenção desse organismo para a preservação dos direitos trabalhistas, em oposição às políticas neoliberais e a globalização econômica mundial. O Vereador Isaac Ainhorn saudou a iniciativa do Vereador Sebastião Melo em propor a presente solenidade, referindo-se ao engajamento do Partido Democrático Trabalhista em prol do desenvolvimento das leis trabalhistas brasileiras. Também, discursou a respeito da importância do transcurso dos sessenta anos da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, concebida para equilibrar as relações trabalhistas entre empregadores e empregados no Brasil. O Vereador Beto Moesch, parabenizando o Vereador Sebastião Melo pela proposição da presente homenagem, analisou o processo histórico que ensejou a instituição das leis trabalhistas no País, destacando o papel exercido pela Justiça do Trabalho como elemento integrante do Poder Judiciário. Ainda, comentou dados relativos ao volume de representações judiciais analisadas por esse órgão no ano corrente e pronunciou-se acerca da necessidade de modernização das atividades desenvolvidas por essa instituição. O Vereador Elói Guimarães cumprimentou o Vereador Sebastião Melo pela oportunidade da homenagem hoje realizada por este Legislativo, atinente ao transcurso dos sessenta anos da Justiça do Trabalho, manifestando-se sobre o posicionamento adotado pelo Partido Trabalhista Brasileiro no sentido de defender a manutenção dessa estrutura jurídica e chamando a atenção deste Legislativo para os relevantes serviços prestados pela Justiça do Trabalho à sociedade brasileira. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Raul Carrion saudou o transcurso do sexagésimo aniversário de criação da Justiça do Trabalho no Brasil, defendendo a manutenção da autonomia dos órgãos jurisdicionais trabalhistas e criticando propostas políticas que defendem a desregulamentação do Direito do Trabalho, através da revogação de dispositivos constitucionais e normas infraconstitucionais que garantem direitos trabalhistas historicamente conquistados. O Vereador Reginaldo Pujol afirmou que a Justiça do Trabalho possui um papel fundamental para a manutenção da paz social, através da mediação de eventuais conflitos entre empregadores e empregados e da aplicação das normas que integram a Consolidação das Leis do Trabalho. Nesse sentido, apoiou a adoção de medidas tendentes ao fortalecimento e à garantia da independência das decisões exaradas pela Justiça do Trabalho, em todas as suas instâncias. Após, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Valmir Batista, Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, Seccional Rio Grande do Sul, e concedeu a palavra ao Senhor Darci Carlos Mahle, que destacou a importância da homenagem hoje prestada por este Legislativo ao transcurso dos sessenta anos de fundação da Justiça do Trabalho. Às dezesseis horas e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e sete minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, face à Licença para Tratamento de Saúde do Vereador Antonio Hohlfeldt, anteriormente apregoada e válida para o dia de hoje, o Senhor Presidente declarou empossado na vereança o Suplente Carlos Matzenbacher, após a entrega de seu Diploma e Declaração de Bens, bem como a prestação do compromisso legal e indicação do Nome Parlamentar, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL. Na oportunidade, foram apregoadas Declarações firmadas pelo Suplente Roque Jacoby, informando seu impedimento em assumir a vereança no dia de hoje, em substituição ao Vereador Antonio Hohlfeldt, e pelo Vereador João Antonio Dib, Líder da Bancada do PPB, informando o impedimento do Suplente Bernardino Vendrúscolo em assumir a vereança no dia de hoje, em substituição ao Vereador Antonio Hohlfeldt. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Adeli Sell referiu-se à campanha promovida pela Associação dos Transportadores de Passageiros - ATP e pela Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC, no sentido de conscientizar a população sobre a venda e circulação de vales-transporte falsificados em Porto Alegre. Também, teceu considerações sobre as atividades informais de comércio existentes na Cidade e sobre a venda de produtos roubados ou contrabandeados na Cidade. O Vereador Nereu D'Avila discorreu sobre as atividades comerciais desenvolvidas no Brique da Redenção, externando sua contrariedade à realização dessas práticas no leito da Rua José Bonifácio, notadamente no que se refere à comercialização de filhotes de animais domésticos e solicitando a realização de uma fiscalização mais efetiva por parte da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio - SMIC. Ainda, comentou o funcionamento de área existente no Parque Farroupilha, destinada à permanência de cães. Após, o Senhor Presidente prestou informações acerca dos trabalhos da presente Sessão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion manifestou-se quanto aos problemas enfrentados pelos ocupantes de área denominada Ipê-Glória, relatando as tratativas que estão sendo estabelecidas para o reassentamento daqueles moradores e mencionando a participação da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação nesse processo. Também, abordou as dificuldades habitacionais verificadas no Bairro Restinga e por moradores da Rua dos Andradas. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Haroldo de Souza denunciou agressão sofrida pelo fotógrafo Ricardo Giusti, do jornal Correio do Povo, por parte de integrantes da Brigada Militar durante partida de futebol ocorrida ontem no Estádio Beira-Rio. Também, informou estar protocolizando Projetos nesta Casa, os quais têm a finalidade de modificar a estrutura de funcionamento das Sessões Plenárias e cobrou maior efetividade na adoção de medidas tendentes à resolução dos problemas de habitação popular e dos menores desassistidos da Capital. Após, o Senhor Presidente registrou o transcurso, no dia de amanhã, do aniversário do Vereador Paulo Brum. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Ervino Besson reportou-se à existência de loteamentos habitacionais irregulares em Porto Alegre, notadamente em áreas de preservação ambiental localizadas na zona sul da Cidade. Também, relatou fatos atinentes ao atendimento prestado pela Brigada Militar através do seu telefone de emergências, afirmando haver problemas no funcionamento desse sistema de atendimento à população e defendendo a realização de uma investigação quanto ao tema. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo registrou a realização, no dia seis de maio do corrente, das eleições para a direção do Partido do Movimento Democrático Brasileiro gaúcho, destacando o caráter inédito dessa medida no que tange à escolha de dirigentes de agremiações partidárias. Ainda, externou seu apoio à destituição do Senador Jader Barbalho dos cargos de Presidente Nacional do PMDB e de Presidente do Senado Federal. O Vereador Paulo Brum, analisando a questão das dificuldades enfrentadas pelos cidadãos portadores de deficiência física para acessarem alguns serviços públicos, apresentou denúncias de discriminação e ofensas sofridas pela Senhora Terezinha Isabel Souto Rocha, usuária de cadeira de rodas, quando do uso de ônibus da linha T-5 da Companhia Carris Portoalegrense, comentando legislação vigente alusiva ao assunto e solicitando que o Executivo Municipal investigue o ocorrido. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Estilac Xavier manifestou-se em relação às denúncias de violação do painel eletrônico de votações do Senado Federal, tecendo considerações a respeito das declarações prestadas pelos Senadores José Roberto Arruda e Antonio Carlos Magalhães e pela Senhora Regina Célia Borges, ex-Diretora do Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado Federal - PRODASEN, acerca do assunto. O Vereador Elói Guimarães, dissertando sobre a questão da segurança pública na Capital, criticou o protesto feito no dia quatro de maio do corrente por representantes da Central Única de Trabalhadores do Rio Grande do Sul - CUT - e da Federação Gaúcha dos Metalúrgicos, o qual culminou com a suspensão de um simpósio de Direito Trabalhista que estava sendo realizado nas dependências do Hotel Deville, em Porto Alegre. A Vereadora Helena Bonumá, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Haroldo de Souza, traçou um paralelo entre as competências constitucionalmente atribuídas aos Poderes Executivo e Legislativo e referiu-se ao funcionamento do Programa de Orçamento Participativo desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Ainda, analisou as conseqüências do processo de privatização e dos cortes em investimentos na área social efetuados pelo Governo Federal. O Vereador Humberto Goulart mencionou seu posicionamento favorável à manutenção do Sistema Único de Saúde - SUS, aludindo à política salarial adotada pelo Hospital de Pronto Socorro - HPS em relação aos seus servidores. Também, ressaltou a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, realizado através do exame identificador de nódulos, afirmando que essa é a doença que mais mata mulheres em idade reprodutiva no Rio Grande do Sul. O Vereador Isaac Ainhorn, referindo-se ao pronunciamento do Vereador Haroldo de Souza, salientou que esta Casa vive um período de adaptação parlamentar, no qual deve ser estimulado o estabelecimento de relações democráticas. Ainda, analisou as considerações feitas pelo Senhor Armando Burd, colunista do jornal Correio do Povo, acerca da postura da Bancada do Partido dos Trabalhadores em relação à aprovação de projetos de interesse do Executivo Municipal. O Vereador João Antonio Dib questionou o processo de compra, pelo Executivo Municipal, de imóveis localizados na Rua dos Andradas e na Rua Jerônimo Coelho, nos anos de mil novecentos e noventa e quatro e mil novecentos e noventa e nove, respectivamente, examinando dados constantes das escrituras dos referidos imóveis e ressaltando que, no entender de Sua Excelência, as referidas aquisições não poderiam ser feitas sem a autorização deste Legislativo. Em prosseguimento, nos termos do artigo 12, § 7º, do Regimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Carlos Matzenbacher, que externou sua satisfação em exercer a vereança no dia de hoje, agradecendo o apoio recebido por Sua Excelência nas últimas eleições municipais. Também, procedeu à análise das conseqüências, para a imagem da classe política, das denúncias de corrupção deflagradas em diversas instâncias governamentais. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cassiá Carpes pronunciou-se acerca da necessidade de adoção de medidas que garantam a revitalização do Centro de Porto Alegre. Também, manifestou-se contrariamente à proposta de descriminalização da venda e consumo de drogas ilícitas no País e procedeu à análise do Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 002/01, de autoria da Bancada do Partido Progressista Brasileiro, que trata da redução do período de recesso parlamentar nesta Casa. O Vereador Humberto Goulart, dando continuidade ao pronunciamento efetuado por Sua Excelência em Comunicações, enfatizou a necessidade de que o Sistema Único de Saúde - SUS - disponibilize a utilização de mamógrafos para o atendimento às mulheres de baixa renda e ressaltou a importância da detecção do câncer de mama no seu estágio inicial. Nesse sentido, informou que proporá emenda ao Plano Plurianual com o propósito de garantir verbas para a área da saúde pública. A seguir, o Vereador Elói Guimarães formulou Requerimento verbal, solicitando informações quanto ao trabalho desenvolvido pelo Setor de Imprensa da Casa. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz aludiu à visita realizada por integrantes da Comissão Especial constituída com a finalidade de estudar um local para a pista de eventos em área localizada na zona norte da Cidade. Também, manifestou-se a respeito dos pronunciamentos dos Vereadores Haroldo de Souza e Estilac Xavier e criticou a atuação dos governos municipais nas últimas décadas, relativamente às condições de abastecimento de água das comunidades ribeirinhas do Delta do Jacuí. O Vereador João Antonio Dib, referindo-se ao pronunciamento do Vereador Luiz Braz no que tange ao sistema de fornecimento de água à população da orla do Delta do Jacuí, teceu considerações acerca dos recursos financeiros destinados a esse setor no período em que Sua Excelência exerceu o cargo de Prefeito Municipal de Porto Alegre. Ainda, posicionou-se contrariamente à utilização de cartas-contrato para a admissão de servidores no Município. O Vereador Estilac Xavier, traçando um comparativo entre as competências desta Casa e do Executivo Municipal, discursou sobre as atividades desenvolvidas pelos Vereadores deste Legislativo. Ainda, refletiu sobre a postura do Executivo Municipal no que tange à contratação de servidores através de cartas-contrato e, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Luiz Braz, discorreu a respeito do Plano Diretor do Delta do Jacuí - PLANDEL. A seguir, o Senhor Presidente comunicou que as Vereadoras Maristela Maffei e Maria Celeste serão agraciadas com o Troféu Mãe Destaque do Ano, numa homenagem da Associação Cristã de Moços - ACM, em cerimônia a ser realizada hoje na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Também, o Senhor Presidente convidou os presentes para participarem de missa comemorativa ao Dia das Mães, a ser realizada às dezesseis horas e trinta minutos de amanhã, na Capela Ecumênica desta Casa. Após, constatada a existência de quórum, foi aprovado Requerimento verbal de autoria da Vereadora Helena Bonumá, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão e na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, tendo os Vereadores Nereu D’Avila, Cassiá Carpes e Helena Bonumá manifestado-se a respeito desse Requerimento. Em continuidade, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 004/01 (Processo nº 2023/01), após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Luiz Braz, João Antonio Dib e Nereu D’Avila. Na ocasião, foi aprovada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, nos termos regimentais. Foi aprovado o Requerimento nº 126/01 (Processo nº 2032/01 - Requer autorização para representar este Legislativo, juntamente com os Vereadores Maristela Maffei e Cassiá Carpes, no VI Porto Alegre em Buenos Aires, a ser realizado do dia dez ao dia doze de maio do corrente, em Buenos Aires, Argentina, com percepção de diárias e passagens aéreas), de autoria do Vereador Fernando Záchia. Às dezoito horas e quarenta e sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezoito horas e cinqüenta minutos, constatada a existência de quórum. Às dezoito horas e cinqüenta e um minutos, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo Vereador João Bosco Vaz, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Fernando Záchia, Carlos Alberto Garcia, Reginaldo Pujol e Ervino Besson e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Ervino Besson. Do que eu, Paulo Brum, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. José Conrado de Souza, representando a Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira - FEB, está com a palavra, pelo tempo regimental de dez minutos.

 

O SR. JOSÉ CONRADO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores; meus companheiros da FEB, em primeiro lugar, desculpem-me pelo atraso. Hoje, o trânsito não está muito propício para se chegar na hora. Para um ex-milico isso é um pecado que eu, logicamente, não gostaria de cometer!

Fui convidado, muito gentilmente, para fazer um pronunciamento sobre o Dia da Vitória. O Ver. José Fortunati telefonou para a minha casa, falou comigo e achei que nós deveríamos – eu, especificamente, que sou Cidadão de Porto Alegre – vir a esta tribuna dizer alguma coisa sobre a FEB, hoje tão esquecida, tão jogada a um segundo plano, coisa que não deveria acontecer. (Lê.)

 “Oito de maio de 2001, dia da Vitória.

Em oito de maio, Dia da Vitória, comemorado em todo o mundo, fazemos um pronunciamento sobre a Força Expedicionária Brasileira, na Segunda Guerra Mundial. É sempre oportuno rememorar os fatos e os feitos da FEB, nos cinqüenta e seis anos de pós-guerra, revelando alguns acontecimentos ocorridos com ela e com os febianos.

Como tais feitos e fatos aconteceram a partir de 1942, há, portanto, mais de cinco décadas, avaliamos que o melhor seria separá-los em dois segmentos. O primeiro segmento é o dos feitos e fatos que causaram a formação e a atuação da FEB. O segundo segmento é alguns aspectos pouco conhecidos do pós-guerra, quando os febianos enfrentaram a realidade do quotidiano para sobreviver. E lá se vão mais de meio século!

Antes, entretanto, de iniciar, gostaria de citar três livros que contam tudo sobre a árdua mas gloriosa campanha da Itália: “A FEB pelo Seu Comandante”, do Marechal Mascarenhas de Moraes; “O Brasil na II Guerra Mundial”, de Manoel Thomaz Castello Branco e “A Verdade Sobre a FEB”, do Marechal Lima Breyner.

Um rápido retrospecto desde a sua criação nos colocará na trajetória da FEB. Em 22 de agosto de 1942, com o afundamento dos trinta e um navios da nossa frota mercante, em águas territoriais brasileiras pelos submarinos nazi-fascistas, matando - para não dizer assassinando – novecentos e sessenta e nove brasileiros, entre velhos, jovens e crianças indefesas, a massa popular, que depois não foi lutar na guerra, assomou às ruas do Rio de Janeiro, em frente ao Palácio do Catete, pedindo vingança. Em conseqüência, atendendo ao clamor popular, em 1943 foi criada a Força Expedicionária Brasileira, a FEB, que, por sua vez, foi buscar, a duras penas, em todo o território nacional, um contingente de vinte e cinco mil trezentos e trinta e quatro homens e mulheres para formar uma tropa forte, saudável e disposta a restabelecer a nossa soberania ameaçada.

Como em Guararapes, no ano de 1648, onde e quando iniciou o nosso Exército, brancos, negros e amarelos que compõem as raças desta maravilhosa Nação, se apresentaram voluntariamente ao chamamento da Pátria. Selecionados com rigor e, embora com treinamento deficiente, o contingente iniciou a 2 de julho de 1944 a travessia do Atlântico em direção ao Velho Mundo. Era a única tropa sul-americana que combateria o inimigo em seu próprio território: uma Europa convulsionada, dominada pelo nazi-fascismo, envolta numa guerra insana e sem precedentes.

Comentava-se, à boca pequena, na época, maldosamente, que a FEB embarcara para a guerra para morrer nos campos de batalha. Ela foi, aprendeu a lutar e suportou bravamente duzentos e trinta e nove dias de combates ininterruptos, contra soldados experientes e aguerridos. Maltratados pelas condições agressivas do terreno íngreme, pedregoso e despido das árvores destruídas pelas bombas e projéteis de ambos os lados, aprendeu a lutar e a se defender. E mais: além do inimigo experiente e bem posicionado no terreno, teve de enfrentar chuva, lama e neve num dos mais rigorosos invernos europeus dos últimos anos: vinte graus negativos.

Em Monte Castello e Montese, nos Apeninos, completou seu aprendizado na luta contra um bravo e destemido soldado, o alemão.

Em Fornovo de Taro, no Vale do Rio Pó, aprisionou a 148º Divisão Panzer Alemã inteirinha, com todo o seu potencial de fogo, composta de quatorze mil setecentos e setenta e nove homens entre sargentos, cabos e soldados, e mais oitocentos e noventa e dois oficiais, entre eles dois generais: um alemão e um italiano, que comandava a sobra de uma divisão italiana. Com essa tropa inimiga, capturou, também, mil e quinhentas viaturas de diversos tipos, quatro mil cavalos e farto material de guerra. Isso tudo depois de conquistar aproximadamente cento e cinqüenta cidades ao longo da campanha, algumas depois de duras e sangrentas batalhas.

O final da guerra contou com quatrocentos e sessenta e cinco patriotas brasileiros mortos em combate contra soldados alemães, que eram tidos, até então, como os melhores do mundo. Teve dois mil setecentos e vinte e dois feridos e mutilados e capturou, durante a campanha, um total de vinte mil quinhentos e setenta e três inimigos.

Em 8 de maio de 1945 hasteou, em Alessandria, no Vale do Rio Pó, o Pavilhão Nacional Brasileiro, onde ficaria algum tempo como tropa de ocupação. E, em seguida, ao retornar à Pátria distante, vitoriosa e compreensivelmente orgulhosa, a FEB empunhava as bandeiras da vitória e a da democracia.

Voltou triunfante e soberana, embora tivesse deixado atrás um rastro de sacrifício e de sangue derramado pelos patrícios imolados em nome de um mundo melhor, mais humano e compreensivo!

Segmento dois. Em aqui chegando, o Primeiro Escalão que regressava, em 18 de julho de 1945, exatamente um ano e dois dias depois da partida, após uma viagem, agora tranqüila e sem sobressaltos, a tropa desembarcou e desfilou para o povo pelas avenidas Rio Branco e Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.

Ovacionados, abraçados e acarinhados pelos familiares e pelo povo que se acotovelava ao longo das calçadas, os combatentes, vitoriosos, rumaram para os quartéis, onde uma outra realidade os esperava.

O Gen. Mascarenhas de Moraes, que somente fora nomeado Comandante da Força Expedicionária Brasileira no dia em que deixara a Itália, de avião, até então só comandava a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária. Sem nenhuma explicação, não desfilou com a sua tropa e ficou no palanque das autoridades, dizem por imposição protocolar, não entendida por muitos. A honra do desfile coube ao Gen. Zenóbio da Costa. Para surpresa dos heróis de Monte Castello, Montese e Fornovo, uma Portaria do Ministério da Guerra determinava o “recolhimento da tropa aos quartéis, que ficaria à disposição da 1ª Região Militar assim que desembarcasse no Rio de Janeiro”. Uma outra Portaria proibia o uso do uniforme da FEB, uniforme que a tropa soubera honrar nos campos de batalha. Dali, já civis, todos seguiriam seus destinos, já que haviam sido desmobilizados ainda na Itália.

Lamentavelmente, essa dispensa foi feita “sem nenhuma preparação psicológica que os habilitasse a enfrentar a vida lá fora”. Daí, em conseqüência, o agravamento da neurose de guerra, que a maioria portava com maior ou menor intensidade! Os que permaneceram no Exército, especialmente os oficiais, foram transferidos para unidades distantes do Rio de Janeiro; alguns foram designados para missões no estrangeiro.

Em vez de conservarem uma tropa treinada, coesa, experiente e disciplinada, dissolveram-na às pressas. A intenção, como foi entendida depois, era acabar com a FEB antes que ela criasse conceito em período de paz. Nem mesmo uma relação de endereços dos dispensados foi compilada para acompanhá-los na trajetória pela sua sobrevivência. Até hoje não sabe onde está e como está a maioria dos febianos e quantos ainda se encontram vivos! Embora relativamente amparados, ainda hoje, cinqüenta e seis anos depois, continuam lutando, inclusive na Justiça, pelo cumprimento das promessas de amparo feitas, à viva voz, pelo Presidente Vargas, pelo microfone de bordo, para a tropa embarcada no navio transporte de tropa norte-americano, “General Mann”, na noite da despedida, em 1945. Naquele momento, de grande emoção, o Chefe do Governo, com sua voz trêmula, prometia ao 1º Escalão da FEB amparo ao febianos e a seus familiares. Com a sua deposição, em 31 de outubro de 1945, foram-se também as promessas, mas não as esperanças!

Por seu turno, os desmobilizados, ao retornarem aos seus lares com diferentes graus de neurose de guerra, não mais se adaptaram ao seu antigo habitat. Na ocasião, a maioria, sem nenhum amparo, sem emprego e sem classificação profissional, só conhecendo a arte da guerra, demandou às cidades, especialmente às capitais dos Estados, atraídos pela Associação dos ex-Combatentes do Brasil, hoje Associação Nacional dos Veteranos da FEB, que congrega os ex-combatentes do Exército e da Aeronáutica que lutaram na Itália.

A Marinha, que lutou exclusivamente nos mares, especialmente no Atlântico, filiou-se aos ex-combatentes do Brasil.

Hoje, sem saber quantos estão vivos, continuamos na expectativa daquelas promessas que se arrastam pelas gavetas da burocracia.

Nos dias de hoje, os febianos reunidos e sempre juntos, buscam exaltar e aquecer a “história da Campanha da Itália, cultivando e cultuando os valores da FEB”, alimentando, ainda, a esperança de que as escolas, as universidades e o povo em geral e, especialmente os nossos governantes, não esqueçam e divulguem esta página gloriosa escrita com sacrifício e dor pelas nossas Forças Armadas na luta pelos Direitos Humanos e a Soberania Nacional. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. José Fortunati está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOSÉ FORTUNATI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero, primeiro, saudar o companheiro José Conrado de Souza, Presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB, da Regional de Porto Alegre, e dizendo da minha enorme alegria em poder participar de um evento singelo, mas extremamente importante, que relembra dos feitos da Força Expedicionária Brasileira, especialmente nos campos da Itália. Muito bem diz José Conrado que, infelizmente, a cada dia que passa, a cada ano que passa, menos o Dia da Vitória é lembrado. É de fundamental importância para este Parlamento, para esta nossa sociedade, como um todo, que mantenhamos acesa a chama do que efetivamente aconteceu na Segunda Grande Guerra Mundial, na medida em que não podemos passar ao largo de todo sofrimento causado por aquela guerra, com separação de pais e filhos, mortes de tantos jovens promissores, países destruídos, fome e miséria campeando, especialmente na Europa.

Fatos iguais a esse não podem passar desapercebidos, porque a nossa memória não pode deixar de, a cada momento, relembrar os horrores de uma guerra como aquela. De outro lado, a bravura dos nossos soldados que, de forma despojada, ousada e altaneira, estiveram nos campos da Itália.

Por último, somo-me a José Conrado, ao lembrar que, infelizmente, os nossos expedicionários hoje estão esquecidos. Muitas das promessas feitas pelo Governo Federal, naquela oportunidade, por leis aprovadas, acabaram não alcançando aos expedicionários e seus familiares. Fica o grito de alerta deste Parlamento, no sentido de que olhemos a sorte de todos esses que, de forma tão altruísta, estiveram defendendo o nosso País, e, acima de tudo, a democracia do mundo inteiro. Ao olharmos a situação concreta, observamos que o Governo, minimamente, ainda não proporciona a cobertura necessária.

Por isso, um grande abraço ao Conrado e a todos expedicionários do nosso País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Cidadão de Porto Alegre, José Conrado de Souza, Senhoras e Senhores. Penso que, rememorar um acontecimento no Dia da Vitória é extremamente importante às gerações futuras e presentes, na medida em que a guerra, a conflagração mundial não está definitivamente fora das possibilidades, face aos conflitos que se operam no mundo, os diferentes interesses em jogo.

Este é o momento importante, Cidadão de Porto Alegre, José Conrado de Souza, quando V. Ex.ª vem a Câmara Municipal de Porto Alegre e traz um histórico, não só da importância, da bravura, do soldado brasileiro à adversidade do conflito, mas, de resto, também a importância que o acontecimento tem para a humanidade, o Dia da Vitória.

Portanto, receba, em nome do Partido Trabalhista Brasileiro, a nossa saudação e o nosso reconhecimento da importância da FEB, da importância dos febianos, evidentemente injustiçados ao logo da história. Fica aqui o nosso registro e a nossa homenagem. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é com muita satisfação que em nome da Bancada do PDT, saudar nosso velho amigo, ex-Governador do Lions Clube, Cidadão de Porto Alegre, Sr. José Conrado de Souza. Em segundo lugar, pelo que ele representa como liderança no Rio Grande do Sul, em relação aos direitos, as lutas dos nossos Pracinhas na Segunda Guerra Mundial.

É evidente que não precisamos ressaltar o papel exercido pela presença do Brasil na guerra, porque quando os Estados Unidos resolveram, e depois o Brasil e outras forças, desequilibrou o que vinha sendo um perigo na Europa, a partir de Stalingrado, quando as forças nazistas recuaram e as forças aliadas começaram a direcionar a vitória, cuja participação do Brasil foi importantíssima em terras da Itália, onde José Conrado de Souza e outros tantos bravos Pracinhas, jovens naquela época, envergaram as nossas cores brasileiras e fomos vitoriosos naquilo que foi a maior vergonha de todos os tempos, desde o início da humanidade, que foi o nazi-facismo. Então, hoje, como sempre, em maio, e ad aeternum, estaremos relembrando a importância da vitória, em abril de 1945, da forças aliadas, a partir do dia “D”, do desembarque das forças aliadas, o que significou a redenção do mundo civilizado. Venceu a barbárie, venceu o atraso e tudo aquilo que de ruim representou o nazi-fascismo na Europa e em todo o mundo. É sempre importante relembrar isso.

O Sr. José Conrado de Souza lidera os nossos pracinhas, ele é nosso particular amigo aqui da Câmara Municipal da Cidade de Porto Alegre, homem emérito na Cidade. As nossas homenagens a ele.

Por intermédio de José Conrado de Souza, rendemos as nossas homenagens a todos os pracinhas, não só do Rio Grande, mas de todo o Brasil, pelo que fizeram de bem ao nosso País e ao mundo naqueles dias horríveis, dias negros de 1943 a 1945, quando terminou o segundo conflito mundial. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu me somo às demais Bancadas que já se manifestaram, especialmente no carinho que nós devotamos ao representante da Associação Nacional dos Veteranos da FEB - Regional de Porto Alegre, Sr. José Conrado de Souza, Cidadão Honorário de Porto Alegre, que nos brinda mais uma vez com a sua presença aqui na Casa, com o seu testemunho vivo acerca do heroísmo, da participação brasileira naquelas batalhas que marcaram o término da II Guerra Mundial, esse momento que marcou de forma tão trágica o final da primeira metade do século que findou, no qual o Brasil teve uma participação que foi extremamente positiva, na medida em que o apoio brasileiro surgiu em um momento em que internamente nós não tínhamos uma plena vivência democrática, demonstrava já o comprometimento da Nação com aquilo que mais tarde seria restaurado em 1946.

Agradeço, em nome do PFL, pela presença aqui nesta Casa, mais uma vez, do José Conrado de Souza, nosso Cidadão Honorário, especialmente porque ele vem, pela iniciativa do Ver. José Fortunati, fazer com que não passassem em brancas nuvens, nesta Casa, as comemorações do Dia da Vitória, tão fartamente comemorado em vários pontos do território brasileiro. A Câmara Municipal, com muita honra, com muita responsabilidade histórica, e, sobretudo, com muita autenticidade, se soma por inteiro a esses festejos e agradece ao Senhor por estar aqui conosco, mais uma vez, no dia de hoje, nos brindando com esse que eu já denominei como sendo um testemunho vivo da bravura e do desempenho dos nossos pracinhas na longínqua Itália.

Senhor José Conrado de Souza, volte sempre conosco, porque o V. S.ª tem direitos adquiridos na Casa na condição de Cidadão Honorário de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gostaria de, em nome da Bancada do Partido Progressista Brasileiro, dos Vereadores João Antonio Dib, Pedro Américo Leal, Beto Moesch e Cláudio Sebenelo, saudar a presença do Sr. José Conrado de Souza, Presidente da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira, e também a presença de vários componentes da FEB, aqui presentes, pela comemoração de mais um Dia da Vitória.

O exemplo dos pracinhas, na sua árdua e gloriosa campanha da Itália, deve ser rememorado, comemorado e muito lembrado.

Sr. Conrado, a nossa juventude está necessitando de exemplos de bravura, de heroísmo e de civismo demonstrado pelos componentes da nossa Força Expedicionária Brasileira. Dentre os dois mil setecentos e vinte e dois feridos e mutilados, estava lá o meu primo-irmão Cícero Cavalheiro, que muito honrou, tenho certeza, a Força Expedicionária Brasileira.

Portanto, Sr. José Conrado, seja muito bem-vindo, receba as homenagens da Bancada do PPB, porque, sem dúvida, vocês foram um exemplo a ser seguido, e o Brasil tanto precisa desse exemplo. Parabéns. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Raul Carrion está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, a saudação do Partido Comunista do Brasil à Associação Nacional dos Veteranos da FEB, representada pelo Sr. José Conrado de Souza.

Os comunistas jogaram um papel fundamental no início da década de 40 para a criação da FEB, através de uma grande campanha nacional, pelo envio de uma força expedicionária brasileira aos campos de batalha da Europa, visando à derrota da besta nazi-fascista, que assolava o mundo. Muitos dos seus membros deram a vida na Europa ou lutaram junto com a Força Expedicionária Brasileira. O heroísmo, a combatividade, o espírito de sacrifício dos expedicionários brasileiros são legendários e jogaram papel decisivo na vitória da humanidade contra essa carnificina que não foi fruto de algum louco, mas fruto das contradições entre os grandes blocos imperialistas que disputavam o domínio do mundo e o domínio das riquezas do Planeta. Por fim, a luta da FEB é indissociável da redemocratização do País, ocorrida quando do seu retorno em 1945.

Portanto, o PC do B inclina as suas bandeiras de luta em homenagem a esses combatentes da humanidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, prezado Sr. José Conrado de Souza, Presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB - Regional Porto Alegre. Receba a saudação do Partido Socialista Brasileiro.

É com alegria que verificamos que a cada ano que passa, o Dia da Vitória não é esquecido. O senhor, hoje, de maneira brilhante, retratou esse histórico, contando a luta dos pracinhas brasileiros na Europa, em especial na Itália. Mas, ao mesmo tempo, mostra que o Brasil foi um dos países decisivos para acabar com a carnificina que ocorreu naquele período, servindo de exemplo para as novas gerações, para que este mal possa ser, de uma vez por todas, extirpado de todas as populações, porque o que nós pregamos e o que o mundo quer é que sejamos cada vez mais democráticos e que todos tenham voz e ascensão. Por isso, em nome do Partido Socialista Brasileiro, receba as nossas saudações, bem como os demais pracinhas aqui presentes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em nome da nossa Bancada, do Ver. Fernando Záchia, da Ver.ª Clênia Maranhão, e no mesmo diapasão das outras Bancadas, queremo-nos somar à solidariedade por toda a história de luta da Força Expedicionária Brasileira.

Há determinados momentos na humanidade, e, um dos momentos tristes da humanidade foi a guerra, e os pracinhas brasileiros que foram requisitados nas mais diversas camadas da sociedade, regiões brasileiras, que cruzaram o Atlântico com muito heroísmo, e lá, em nome de uma causa maior, que é a causa da democracia, que é a causa da dignidade humana, que é a causa da retomada de um processo de relação onde o estado democrático de direito esteja acima das pessoas. Por isso, em nome desta Casa, que ao longo dos seus anos vem recebendo aqui o Sr. José Carlos, José Conrado, e todos aqueles que o acompanham, nós queremos saudá-los efusivamente e nos somar, fundamentalmente, àquilo que o Ver. José Fortunati aqui colocou com muita clareza. O Governo e a sociedade têm uma dívida com os senhores. E esta Casa que é a Casa da Cidadania, ela sem dúvida alguma quer fazer deste momento, neste ano, somar-se a esta luta que não é uma luta dos senhores, mas que é uma luta de alguém que, em nome da nossa Pátria, representou um momento histórico do mundo e da sociedade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, agradecendo ao Ver. Paulo Brum, eu lembro para as pessoas que não eram vivas, naquela época, que não era só o frio de um rigoroso inverno, não eram os idiomas estranhos, não era o encarniçado da guerra, eram de desconhecidos a incerteza da volta, a defesa de um País. O maior historiador dos nossos dias, Eric Hobsbawn, ele escreve sobre a Era dos Extremos, um livro inesquecível. Ele chama a primeira metade do século XX de era da tragédia, onde ocorreram duas grandes, duas imensas tragédias, duas grandes guerras. Na segunda, a loucura de Hitler expressava a máxima regressão, a barbárie que se poderia imaginar num mundo avançado, num mundo que já tinha uma tecnologia pujante, e que nós não admitíamos que isso fosse motivo para essa insanidade coletiva que é uma guerra.

O Hino da Independência, composto por uma pessoa maravilhosa, D. Pedro I, diz, em sua letra: “Dos grilhões que nos forjavam da perfídia, astuto ardil, houve mão mais poderosa, zombou deles o Brasil.” Exatamente hoje nós sabemos que “a cobra fumou”. Hoje nós sabemos que em cada um de vocês há escondido um herói. Um herói anônimo, que a história vai esquecendo no rastro do tempo. Mas que cada vez que pessoas como o Ver. José Fortunati lembram desse episódio, trazem de volta esse sentimento de emoção e de orgulho, quando se ouve um Cidadão de Porto Alegre, José Conrado de Souza, nos falar dessa maneira. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): A Casa agradece e cumprimenta o Sr. José Conrado de Souza, Presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB - Regional Porto Alegre, e não só a V. S.ª, mas estendendo a todos os combatentes, todos os veteranos da FEB. Esta Casa deixa registrado o seu agradecimento.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h42min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia – às 14h46min): Estão reabertos os trabalhos. Comunicamos aos Srs. Vereadores que, neste momento, o Ver. João Antonio Dib está representado esta Presidência e a Casa na posse da Desembargadora Naele Ochoa Piazzeta.

Informamos, também, aos Srs. Vereadores que o Ver. Sebastião Melo representará esta Casa Legislativa às 17h na posse dos novos Juizes Federais Substitutos da 4ª Região.

Comunicamos que o Ver. Pedro Américo Leal solicita Licença para Tratamento de Saúde no período de 7 a 9 de maio.

 

(Obs.: Foi apregoado o Requerimento de licença do Ver. Pedro Américo Leal e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

 

A Ver.ª Sofia Cavedon solicita Licença para Tratamento de Saúde do período de 7 a 11 de maio.

 

(Obs.: Foi apregoado o Requerimento de licença da Ver.ª Sofia Cavedon e dada posse à Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O Ver. Antonio Hohlfeldt solicita Licença para Tratamento de Saúde no dia 07 de maio de 2001.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO (Requerimento): Professor... Sr. Presidente, requeiro a inversão da Pauta tendo em vista ofício já aprovado por esta Casa, para homenagear os sessenta anos da Justiça do Trabalho.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Comunico ao Ver. Sebastião Melo que sou filho de Professor.

Em votação o Requerimento do Ver. Sebastião Melo. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passamos ao

GRANDE EXPEDIENTE

 

Hoje período destinado a assinalar o transcurso do 60º Aniversário da Justiça do Trabalho, no termos do Requerimento nº 071/01, de autoria do Ver. Sebastião Melo.

Convidamos para compor a Mesa o Dr. Darcy Carlos Mahle, Ex.mo Sr. Presidente do Tribunal Regional do Trabalho – 4ª Região; Dr.ª Belatrix Costa Prado, Vice-Presidenta do Tribunal Regional do Trabalho – 4ª Região; Dr. Mário Grazziotin, Vice-Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB; Dr. João Paulo Caminha de Souza Ribeiro, representante da Procuradoria da União no Estado do Rio Grande do Sul; Dr. Reinaldo Felix Alves Bertoi, representante da AJURIS; Dr. Saul Calvetti, Presidente da Caixa de Assistência da OAB/RS; Major Caio Márcio Coutinho, representante do 5º Comando Aéreo Regional.

Como extensão da Mesa a Dr.ª Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, Corregedora Regional da Justiça do Trabalho; Coronel Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul; Capitã-Tenente Irla Maria Pinto de Menezes, representante da Marinha; Dr.ª Dulce Padilha, Juíza do Tribunal do Trabalho - 4ª Região; Dr. José Fernando Elers de Moura, Diretor da Escola de Magistratura do Trabalho – FEMARGS; Sr. João Batista Pereira, representante do Tribunal Regional do Trabalho.

O Ver. Sebastião Melo, proponente do Requerimento, está com a palavra.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda componentes da Mesa e demais presentes.) Como Vereador da nossa Cidade, como Advogado e Conselheiro da OAB, tivemos a honra de propor esta homenagem, que hoje se realiza nesta Casa, e que teve o apoio unânime dos nossos pares.

Em primeiro lugar, trata-se de homenagear não propriamente a Justiça do Trabalho, completando sessenta anos de atuação no Brasil, trata-se de acentuar o papel que esta Justiça tem desenvolvido no sentido de proteger o trabalho, a vida dos assalariados do Brasil.

O Brasil, nona potência econômica mundial, é ainda uma nação muito jovem, ao contrário de outras nacionalidades tão jovens como a brasileira que conseguiram se constituir em potências mundiais. O Brasil tem tido uma história social trágica.

O homem destaca-se entre as espécies pela sua condição de intervir na natureza. Essa força de intervenção é o trabalho. O trabalho que erige o homem à sua condição humana. O trabalho é a imagem que faz de si próprio, a representação que constrói do mundo e, em última análise, a linguagem. Nossa condição trágica decorre disso, de termos construído uma nação em oposição a outras nações, com base no trabalho escravo completamente vilipendiado, e na obstrução total dos escravizados, quanto a se manifestar e discordar da condição de escravo, de rebelar-se contra essa indignidade monstruosa! Por conseqüência, no Brasil, foi preciso uma revolução, a de 1930, comandada, então, por Getúlio Vargas, para arrancar o País do atraso da vida rural, do conservadorismo, de concepções atávicas de desprezo ao trabalho.

Nossas elites sempre pensaram ser um direito seu apoderar-se da riqueza gerada por outros. Nossas elites sempre consideraram, e ainda consideram, ser um direito seu um direito divino, talvez, o de se dedicar inteiramente ao ócio e a predação do trabalho alheio. Naturalmente, uma revolução do porte da comandada por Getúlio Vargas, que pretendia jogar o Brasil na modernidade, tinha de ser inspirada por algum tipo de pensamento. E o era. Getúlio Vargas inspirava-se no pensamento de Comte, que havia influenciado na derrubada do Império e na instalação da República no Brasil, através da ação propagandista de Benjamin Constant. Para o comtismo, para os positivistas, era tarefa das elites conduzir as massas incultas para a educação, para o campo do trabalho, de tal sorte que pudessem, ao fim de um longo curso de formação intelectual, e aquisição de recursos materiais, alcançar o limbo da elite, preparadas para exercerem o poder e tomar nas mãos os destinos da sociedade, da nação, dos homens e do seu futuro! Sem dúvida era uma visão autocrática, mas não era estranho que tivesse sido gerada no seio da aristocracia rural gaúcha. E assim foi, por meio de um regime autoritário, debaixo da vigência ditatorial da Constituição de 1937, a Polaca, é que se instalou a Justiça do Trabalho no Brasil.

A inspiração das leis trabalhistas derivou da Carta del Lavoro. Por uma dessas curiosas ocorrências da história, as leis trabalhistas, o aparato institucional legal de defesa do trabalho, no Brasil, acabaram resultando da ação de um representante da aristocracia rural. Não sem levar em conta, sem qualquer sombra de dúvida, o legado das lutas que anarquistas e comunistas desenvolveram desde o início do nosso século. Mas, não há como negar, somente a partir deste momento da nossa história, a questão do conflito entre o trabalho e o capital, no Brasil, passou a ser uma questão a ser dirimida pela Justiça, uma Justiça especializada, e não mais como uma questão policial.

O fato de haver surgido uma Justiça do Trabalho e uma legislação específica do trabalho não quer dizer que tenham-se solucionado os conflitos entre o trabalho e o capital, no País. Afinal de contas, as leis derivam dos homens, que elaboram as leis, e estes homens representam interesses.

Historicamente, também, no Brasil, as classes populares tiveram muitas dificuldades para se fazer representar. Em conseqüência, as leis foram produzidas por representantes das elites, e foram leis que sempre tenderam a privilegiar o capital diante do trabalho. Nesse ponto, enquanto o Brasil viva sob ditaduras, foram notáveis homens do direito, juristas e juízes, que ao longo dos tempos foram conquistando, centímetro a centímetro, o poder da Justiça do Trabalho de exercer uma iniciativa normativa, alterando o entendimento de muitas leis e alargando o espectro das conquistas sociais do trabalho. Isso foi uma coisa notável. Ainda hoje, a Justiça do Trabalho é a única no Brasil que tem essa qualidade notável de praticamente estabelecer um entendimento novo a respeito de direito dos trabalhadores. Na atualidade, essa Justiça do Trabalho, que hoje completa sessenta anos, que nós aqui homenageamos na figura do Sr. Presidente, dos srs. juízes, dos srs. advogados, juristas e trabalhadores que nos visitam, essa Justiça que se constitui na última esperança de tantos trabalhadores aflitos, na única esperança de recuperação, de indenizações, daqueles que deitam seu suor e sangue dentro das fábricas e gabinetes, é a mesma Justiça que está sob assalto da voracidade total dos neoliberais terminais, que desejam liquidar todas as conquistas sociais, todas as garantias legais, todas as instituições defensoras do trabalho, para, com mais liberdade, exercer a rapinagem sobre o trabalho.

Em nome dessa idéia desmoralizada de modernidade, pretende-se dar um golpe nas conquistas sociais e eliminar o aparato institucional-legal de defesa do trabalho. Em nome dessa modernidade, nova denominação para liberdade de espoliação, pretende-se liquidar com a Justiça do Trabalho e submetê-la a varas comuns dentro de outras esferas do Judiciário.

Ao se pretender eliminar a independência da Justiça do Trabalho, está-se pretendendo eliminar as garantias do trabalho. O propulsor disso, repito, é toda liberdade à rapinagem. Procura-se restaurar no Brasil o poder dos buques, da pirataria. Não somente os juízes do trabalho devem-se insubordinar contra isso. Toda a sociedade deve ver isso com horror e se rebelar.

Alguns se perguntarão: afinal, de que vale tanta luta, tanto tempo lutando, para se chegar a tantos revezes? A resposta é simples: um homem só é homem, seja ele quem for, que lugar ocupar na escala de atividades humana, se for um lutador. A vida só é justa de ser vivida se é vivida com luta.

Quero estender minhas congratulações aos membros da Justiça do Trabalho, pelos seus sessenta anos de luta, e convocar todos aqueles que laboram em torno da Justiça do Trabalho para que continuem na luta. Saibam que no mandato que detemos encontrarão um companheiro solidário, sempre, para essa luta que vale a pena, a luta pela justiça, pelo respeito ao trabalho, pela solidariedade e pela fraternidade. Um homem não se mede por suas palavras, mas por suas ações e aqui está um disposto a lutar de frente, em pé, pelos direitos dos trabalhadores. Muito obrigado. (Palmas)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra em Grande Expediente.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Srs. e Sr.ªs Vereadores (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Muito mais do que festejarmos - e já o fazemos parabenizando esta data tão importante - este é um dia de profunda reflexão, e temos que nos ater às coisas que nos são tão caras.

A Organização Internacional do Trabalho foi instituída em 1919, com sede em Genebra, na Suíça, e integra o sistema da ONU. A OIT foi criada com a finalidade de instituir a internacionalização do Direito do Trabalho.

Quando ouvimos falar e sabemos que está em curso uma política no nosso País para o fim de instituições tão importantes e tão caras para a sociedade, não podemos apenas achar que esta é uma política localizada, pois sabemos que atrás disto existe uma organização internacional em curso para destruir todas as instituições democráticas, principalmente aquelas que lutam e trabalham pela causa daqueles que são excluídos nos países periféricos como o nosso.

(Lê.) “Em 1998, em Genebra, sindicalistas, reunidos pela ocasião da Conferência Anual do OIT, lançavam uma convocação pela defesa das convenções da OIT, gravemente ameaçadas pelas ‘revisões’ em curso.

A resistência cresce em todo mundo contra a chamada ‘globalização’, contra a dominação da Organização Mundial do Comércio.

A manifestação, em 1999, em Seattle, o Fórum Social, no Brasil, todas essas manifestações e muitas outras que aqui não estão sendo citadas, são organizações e lutas, que, no seu contexto, trazem a luta contra as forças que, a cada ano, confiscam gigantescos lucros especulativos e nas bolsas, por conta do empobrecimento da força do trabalho, e, com isso, no seu bojo, a desregulamentação do mundo do trabalho.

Pelo lucros, senhoras e senhores, eles dizimam, super exploram, provocam conflitos sangrentos. Não renunciam a eliminar o que eles próprios chamam de obstáculos: os sindicatos dos operários, as convenções coletivas, os estatutos profissionais, os regimes de proteção social.

Hoje em dia, a ofensiva é movida contra as organizações democráticas de todo o mundo, para que elas aceitem tornar-se instrumentos das políticas do FMI, da OMC e do Banco Mundial.

Em 2000, em Nova Iorque, foram adotadas várias reformas na ONU e na OIT, no sentido de que as duas organizações passem a ser, apenas, subdivisões da Organização Mundial do Comércio.

Dessa forma, os direitos trabalhistas, as convenções coletivas, os códigos de trabalho não seriam mais direitos garantidos pelo Estado, mas hipotéticas cláusulas sociais, concedidas ou não, a critérios multinacionais, no quadro de acordos comerciais.

Para que haja democracia, senhoras e senhores, e que se cumpram as legislações, é necessário instituições fortes e que os países mantenham sua economia. Precisamos de instituições, sim, como a Justiça do Trabalho, e não acabar com elas, na defesa do direito incessante das trabalhadoras e dos trabalhadores do mundo inteiro. Nós precisamos de governos democráticos, não de governos que vendam a nossa autonomia por quinquilharia, assim como tem acontecido no nosso País. Nós precisamos de governos democráticos para que se ratifiquem a Convenções 87, 11, 98 e 143, em especial a Convenção 103 da OIT, que garante o direito à proteção das mulheres trabalhadoras quando da sua maternidade. Nós precisamos ratificar a Convenção 138, que, infelizmente, já está sendo revisada no mundo inteiro, contra o trabalho infantil. Porque as liberdades, senhoras e senhores, as liberdades democráticas são indissociáveis da existência da classe dos assalariados, que só se podem defender se estiverem organizados, e que só se podem organizar se gozarem de liberdades democráticas que tornem isso possível, para construirmos justiça social pela paz, pela democracia e pelos direitos trabalhistas.

Eu queria encerrar a minha fala lendo um breve texto de Paulo Freire, que diz o seguinte: (Lê.) ‘Faz parte da lógica mesma do sistema que, na formação do trabalhador, ele não seja desafiado a pensar criticamente, a, criticamente, ler a sua realidade. O fundamental, do ponto de vista do lucro, é que o trabalhador, à maneira do operário que Chaplin retrata em Tempos Modernos, repita, automaticamente, ações particulares, isoladas, sem a compreensão dos limites de sua participação na totalidade da obra produzida. É importante deixar o trabalhador ao nível de uma percepção limitada, uma percepção que se costuma chamar ‘focalista da realidade’.”

Portanto, senhoras e senhores, tem um sentido muito forte este dia, e uma relação profunda com o aniversário de uma instituição que nós, nesta Casa, e pela brilhante idéia do companheiro da Bancada do PMDB, juntamente com as outras Bancadas, teve em homenagear essa instituição. Ela tem o nosso carinho, a nossa admiração, o nosso respeito. E, com certeza, estaremos ao lado de todas as instituições que lutam pela dignidade da vida humana e a prezam. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, no Grande Expediente, por cessão de tempo do Ver. Nereu D’Avila.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Queremos aqui, em nome da Bancada do PDT, saudar o Ver. Sebastião Melo pela iniciativa, em um momento extremamente oportuno, de prestar essa emblemática homenagem, por ocasião do 60º aniversário da Justiça do Trabalho no Brasil.

Para nós, trabalhistas, do ponto de vista do conjunto da sociedade política brasileira, esta data é emblemática para todos nós, sobretudo porque ela representou um marco na história contemporânea. Representou um passo decisivo no respeito às relações de trabalho, notadamente, em um sociedade que primava por um descompasso nas relações entre empregador e empregado. E, quando comemoramos os sessenta anos desta instituição em nosso País, comemoramos também os sessenta anos da Consolidação das Leis do Trabalho. Essa consolidação, apesar das críticas que sofreu no curso dos anos, em relação a ela não se construiu melhor alternativa do que essa, do ponto de vista da tutela do trabalho em nossa sociedade. Em uma economia de mercado, em uma economia capitalista, em que as mais pesadas diferenças no processo de distribuição da renda nacional, em uma economia de profunda recessão no curso dos anos, essa Justiça, apesar de todas as dificuldades, tem tido um papel decisivo no processo de equilíbrio das relações sociais neste País. E a nossa presença, somando-se a estas homenagens, é também para referir o importante papel desempenhado por aqueles que forjaram o processo dessa Justiça em nosso País, que são os senhores, os magistrados, que compõem e que tem sobre si o peso da responsabilidade na condução do trabalho, na condução de distribuição da justiça. Em uma Justiça que é inflacionada pelo conjunto de demandas individuais, que chegam às portas de cada uma das Juntas de Conciliação deste Estado, deste País.

Por esta razão, Sr. Presidente, somamo-nos a iniciativa do Ver. Sebastião Melo, e, longe de se pensar que a Justiça de Trabalho se constitui em uma instituição superada em nosso País. Ao contrário, ela, no exercício do trabalho de magistrados e advogados, no curso dos seus sessenta anos, tem, com criatividade, construído novos caminhos e novas dimensões para o ramo do Direito do Trabalho, seja do ponto de vista do direito substantivo, seja do ponto de vista processual do direito adjetivo, no cotidiano da ação dos senhores magistrados, advogados e auxiliares de Justiça, é construído esse importante instrumento na vida nacional, que é o trabalho realizado por essa Instituição que honra o Rio Grande e o Brasil, que é a Justiça do Trabalho. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Beto Moesch está com a palavra no Grande Expediente, por cessão de tempo do Ver. Pedro Américo Leal.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Não só na condição de Vereador, mas também como advogado e também atuando na Justiça do Trabalho, eu parabenizo o Ver. Sebastião Melo, pela iniciativa e pela justa homenagem à Justiça do Trabalho. Isso tem uma história que perfaz justamente, em um primeiro momento, desigualdades tremendas do capitalismo, onde, justamente, o pólo mais fraco e mais frágil - o trabalhador - passou a necessitar da guarida do Estado e, mais tarde, do Poder Judiciário. Justamente a luta e as reivindicações da classe operária encontraram eco pela primeira vez na Rerum Novarum do Papa João XIII, na Encíclica Rerum Novarum, que é basilar da doutrina social da Igreja. Foi ali o primeiro eco onde a classe operária encontrou resposta às suas demandas, e, aos poucos, os avanços se deram em nível mundial, no México, na Alemanha, no primeiro momento, e assim sucessivamente. Hoje a legislação trabalhista passou a existir; hoje as normas das nações passaram a dar guarida justamente para o povo mais fraco do sistema capitalista, os trabalhadores. A partir de 1930, aqui no Brasil, criou-se então o Ministério do Trabalho, e, em 1931, o Conselho Nacional do Trabalho, com a competência para opinar em matéria contenciosa, mas ainda apenas de forma consultiva, e, em 1934, passou a julgar. Em 1932, o Governo Provisório do Brasil criou dois organismos destinados a solucionar conflitos trabalhistas: Comissões Mistas de Conciliação e Juntas de Conciliação e Julgamento. Estavam lançadas as bases da futura Justiça do Trabalho aqui no Brasil. E esta denominação “Justiça do Trabalho” passou, pela primeira vez, a surgir na Constituição de 1934. A Justiça do Trabalho foi, assim, prevista pela Constituição, mas não instalada. Vejam que interessante. O Congresso Nacional, em 1934, ficou discutindo longamente o projeto de lei que a estruturava. Estabeleceu-se acirrada controvérsia sobre a representação classista, que agora foi novo tema de debate - e superado, finalmente, inclusive quanto ao seu custo financeiro - e o poder normativo da mesma Justiça do Trabalho. A demora na solução foi uma das razões alegadas para o fechamento do Congresso Nacional e a implantação do Estado Novo em 1937. A Carta de 10 de novembro de 1937, que substituiu a Constituição de 1934, manteve a previsão relativa à Justiça do Trabalho no mesmo capítulo “Da Ordem Econômica”, ou seja, como Justiça Administrativa, estabelecendo que seria regulada por lei. E foi criado, então, o 1º de maio de 1939. E no dia 1º de maio de 1941 ela foi declarada instalada pelo Presidente da República. Mas foi apenas em 1946, na sua respectiva Constituição Federal, que transformou a Justiça do Trabalho em órgão do Poder Judiciário - até então era administrativo - mantendo, porém, a estrutura que tinha como órgão administrativo, inclusive com representação classista.

Trago esses dados históricos para mostrar o surgimento da Justiça do Trabalho, seus objetivos aqui já colocados, e quero dizer que somos favoráveis não só à manutenção, mas ao fortalecimento da Justiça do Trabalho.

Assim como precisamos das justiças especializadas, a da Fazenda, a do Consumidor, a do Meio Ambiente, o mesmo se dá com a Justiça do Trabalho, que, claro, precisa ser modernizada, como tudo na sociedade, e precisa avançar. Mas ela tem de ser não só mantida, como também fortalecida. E alguns dados são muito interessantes para o nosso argumento. As noventa e oito varas do trabalho no Rio Grande do Sul, trinta na Capital e sessenta e oito no interior, receberam, em janeiro e fevereiro, os dois primeiros meses do ano, exatos dezesseis mil novecentos e vinte e seis processos. Desse total, 7.298, 43% foram do rito sumaríssimo, e 9.628, 56% do rito ordinário. E, nesse mesmo período, foram resolvidos dezessete mil duzentos e vinte e três processos. Podemos dizer, como advogados que militam também na esfera trabalhista, como é importante e como facilita para o trabalhador ver os seus direitos acolhidos pela Justiça do Trabalho, há uma facilidade, nesse ponto de vista, para o trabalhador.

O Pleno do Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul julgou oito mil novecentos e setenta e três processos, o que aponta um aumento de 28% em comparação ao mesmo período do ano passado. Vejam como a demanda cresce. E aqui há um dado importante recente na legislação trabalhista, que prevê que as causas individuais, até um patamar, poderão ser resolvidas em uma única audiência, marcada até quinze dias depois da data da entrada da ação na Justiça. Após essa data, o juiz terá o prazo máximo de trinta dias para solucionar o conflito. Põe sumaríssimo nisso!

Concluo, Sr. Presidente, dizendo qual a missão da Justiça do Trabalho da 4ª Região: “Solucionar os conflitos oriundos das relações de trabalho com objetividade, confiabilidade e engajamento, tendo como visão alcançar a excelência da prestação jurisdicional com celeridade, simplicidade e eficiência.” Precisamos, sim, do fortalecimento da Justiça do Trabalho. Parabéns! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra por cedência de tempo da Ver.ª Maria Celeste em Grande Expediente.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Esta é, inquestionavelmente, uma Sessão extremamente importante, quando a Casa do Povo de Porto Alegre homenageia os sessenta anos de fundação da Justiça do Trabalho. Aqui já se disse que a Justiça do Trabalho vem no bojo, por assim dizer, de um grande movimento que se inicia no Rio Grande do Sul com a Revolução de 30. Evidentemente, os avanços no campo laboral já se faziam sentir pelo mundo, mas, em nosso País, o marco concreto e efetivo é a Revolução de 30. A partir daí se instala, para o bom andamento das relações da nascente democracia brasileira, a Justiça do Trabalho. Então, acho que a Justiça do Trabalho não tem de ser modificada, não! Não tem de ser novamente estruturada, não! Ela é muito atual, é avançada e atual, quando tem na sua composição de primeiro grau, exatamente e de forma democrática, avançada, cientificamente, os dois pólos da relação fundamental na economia, que é, de um lado, o capital e, de outro lado, o trabalho, com a direção e a presença técnica do magistrado, do juiz que a preside. Então, evidentemente, se algumas leis estão a reclamar alguma modificação, tudo bem, acho que essas modificações poderão ser feitas. Agora, temos que manter intacta, na minha opinião, na opinião do PTB, na opinião do Partido Trabalhista Brasileiro, essa composição técnica da justiça do Trabalho. E quando se ouve dizer que a Era Vargas está terminando, Ver. Cassiá Carpes, Líder do nosso Partido, isso nos preocupa, sim! Preocupa-nos porque entendemos que um dos instrumentos fundamentais, para que se mantenha essa concepção democrática que temos, é a Justiça do Trabalho, na sua composição, na sua estrutura e na sua formação. Dizer-se que a Justiça do Trabalho, ao longo desses sessenta anos, prestou relevantes serviços às relações que se dão no seio da sociedade - e a mais importante é a relação do capital, trabalho e economia -, dizer-se do papel fundamental de equilíbrio democrático feito pela Justiça do Trabalho é trazermos, aqui, o óbvio.

A Justiça do Trabalho, ao longo desses sessenta anos, cumpriu papel magnífico nas relações econômicas que se instalam na sociedade brasileira. Mantê-la como tal é o que desejamos porque ela é avançada. Ela tem uma composição avançadíssima tecnicamente, com a figura central do juiz, e, vejam, do empregado e do empregador, e, nisso, prestam à democracia papel relevante,

Nós queremos, hoje, aqui, rapidamente, destacar a importância da Justiça do Trabalho e dizer, com algum conhecimento, que se trata de uma justiça moderna, atual e, como tal, para o bem das relações importantes que se dão no seio da sociedade, precisa ser mantida intacta.

A Casa, evidentemente, pela sua natureza democrática e representativa tem um compromisso, sim, com a Justiça do Trabalho para que a mantenhamos da forma como tal.

A Justiça do Trabalho prestou relevantes serviços à paz social. É um dado que passa despercebido às pessoas. Ela, através dos seus mecanismos, da justiça que realiza, faz, no seio da sociedade, a paz social, na medida em que, de forma absolutamente correta, pela formação de seus quadros de juízes, pela formação de equilíbrio que tem na mesa de decisões do 1º grau, produz, concretamente, a paz social, quando trata a questão de maior importância para as relações da sociedade, que é a economia representada pelos dois pólos: de um lado o capital e, de outro, o trabalho.

Portanto, recebam srs. juízes - o Tribunal e as demais pessoas que militam na área da Justiça do Trabalho - a nossa saudação e a convicção de que aqui, na Câmara, a Justiça do Trabalho tem os seus defensores, porque entendemos tratar-se de uma justiça moderna, atual e necessária ao desenvolvimento do nosso País. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Raul Carrion está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Uma saudação especial à comunidade do IPE-Glória, que aqui está com ameaça de despejo por uma decisão judicial. Queremos falar não só em nome da Bancada do PC do B, mas em nome da Bancada do PSB, do Ver. Carlos Alberto Garcia, que nos deu esta honrosa missão.

Inicialmente, queremos parabenizar os sessenta anos da Justiça do Trabalho, que passou a funcionar em 1º de maio de 1941. Justiça que surgiu no bojo das grandes lutas operárias do mundo e do Brasil, principalmente as grandes greves gerais de 1917 e 1919, mostrando que a lei segue a prática, a ação, a conquista dos trabalhadores. Para os trabalhadores, nenhum dos direitos trabalhistas foi um prêmio, um favor, um presente. Todos foram conquistados com muita luta. Infelizmente, as comemorações desses sessenta anos da Justiça do Trabalho ocorrem em meio a uma enorme ofensiva contra a Justiça do Trabalho no nosso País. Ofensiva, não para enfrentar as suas debilidades, as suas deficiências, visando atender aos interesses populares. Mas, ao contrário, com o objetivo de subordiná-la aos interesses da atual globalização neoliberal. A intenção clara da proposta do Governo é compatibilizar o Judiciário aos novos mecanismos de reprodução do capital, retirando qualquer entrave à livre movimentação do capital especulativo, garantindo a implantação do modelo neoliberal excludente e flexibilizando os direitos trabalhistas. A sua matriz é o Documento Técnico nº 19 do Banco Mundial que determina o porquê, o como e onde reformar os Poderes Judiciários da América Latina e do Caribe para - atentem, são palavras desse documento imperial - treinar os juízes - isso é o que diz o documento do Banco Central - dentro das novas regras determinadas pelos donos do planeta. Uma de suas propostas é a súmula vinculante e vocatória que levarão a uma maior concentração de poder na cúpula do judiciário, onde a indicação política prevalece sobre a capacidade técnica. Com isso, castra-se a autonomia dos juízes de 1º e 2º graus e concede-se as orientações jurisprudências dos Tribunais Superiores à força de lei. Mas o grande alvo é a extinção da Justiça especializada no Trabalho, Justiça que tem uma lógica própria, baseada na busca da igualdade jurídica das partes, diante da evidente desigualdade fática na relação entre capital e trabalho. Essa lógica é inaceitável para aqueles que pretendem abolir quaisquer direitos, onde a idéia de proteção aos mais fracos soa como algo incômodo à onipotência do mercado.

Arbitragem, Conselhos de Conciliação, Comissões de Fábrica correspondem a uma tentativa de privatização da Justiça e do afastamento do Estado dessa questão. Na verdade, o que essa orientação neoliberal pretende é flexibilizar o direito material do trabalho, dele retirando importantes conquistas históricas dos trabalhadores, de todo o mundo e do Brasil, que remontam ao século passado. Hoje inscritos no art. 7º da Constituição Federal, mas vão além, propõem a eliminação desses direitos mesmo na legislação infraconstitucional, deixando para a negociação coletiva a fixação de todo o regramento laboral: jornada de trabalho, férias, descanso remunerado, ou direitos os mais variados.

Em um quadro extremamente desfavorável de crescente e massivo desemprego dos trabalhadores, é evidente que a eliminação de toda proteção legal será um terrível golpe contra eles, é evidente que tal livre negociação de tudo não tem objetivo de acrescentar direitos, mas de subtraí-los. Não satisfeitos, investem também contra a própria organização sindical dos trabalhadores, propondo o fim da unicidade sindical, o sindicato por empresa, e outras medidas que visam a sua pulverização e o seu enfraquecimento.

É bom relembrar que o mentor de toda essa ofensiva contra a Justiça do Trabalho é o Sr. Antônio Carlos Magalhães, o mesmo que hoje, no Senado Federal, precisa prestar contas dos seus crimes e das suas fraudes contra o nosso povo. Portanto, cremos que contra vento e chuva, a Justiça do Trabalho prevalecerá dentro da defesa que o nosso povo, os trabalhadores e todos aqueles que querem um País livre, soberano e mais justo, defendem.

O PC do B está à disposição para junto com todas essas forças, nesta luta, manter a defesa, o avanço e o aperfeiçoamento da Justiça do Trabalho. Parabéns a todos! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Por final, deliberadamente para o final, ilustre Presidente da Caixa de Assistência da OAB no Rio Grande do Sul, Dr. Saul Calvet, no qual saúdo os operadores do Direito, os Advogados militantes na Justiça do Trabalho, sem os quais, certamente, não estaria esta Justiça a receber, no dia de hoje, tão justificadas homenagens.

Havia me comprometido com o Vereador autor do Requerimento que gerou esta homenagem à Justiça do Trabalho a me manifestar nesta ocasião. Não imaginava que, antes de mim, tantas vozes se fariam ouvir. Aliás, sou da opinião de que, nesta Casa, deveremos oferecer algumas modificações no Regimento, fazendo com que o pronunciamento de fundo do requerente da homenagem possa, de forma ampla, sintetizar o pensamento da Casa, com o apoiamento, obviamente, de todas as Bancadas. Compromisso assumido, compromisso cumprido. Eis-me aqui depois que todas as correntes de opinião se fizeram ouvir, para somar a posição do meu partido, partido que represento nesta Casa, o Partido da Frente Liberal, e o faço no momento que a Mesa recebe, com muita honra para todos nós, a figura do Dr. Valmir, Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, a quem não saudei anteriormente, por injustificada omissão. Quero, neste momento, e socorrido que fui pelos pronunciamentos já realizados, somar a posição aqui referenciada, dizendo que como liberal assumido vi, vejo e verei na Justiça do Trabalho um instrumento comprovador do grau de civilização de uma sociedade, na medida em que ela contribui efetivamente para o alcance da paz social, a paz social a que V. Ex.ª se referiu, Ver. Elói Guimarães. Aliás, esta Justiça do Trabalho nasceu num dos mais paradoxais momentos da história política deste País, em pleno Estado Novo, quando as liberdades democráticas não eram reconhecidas. Ela surgia num avanço social que era uma imposição da sociedade brasileira, e que os governantes da época não tinham outra alternativa senão consolidá-las. O que o fizeram em 1º de maio de 1941, com a edição da Consolidação das Leis do Trabalho, primeiro passo para que, a então Justiça Administrativa, se transformasse em órgão judiciário pleno, integrante do Poder Judiciário Brasileiro.

Sua história é longa, e quando vejo alguns companheiros preocupados em alguém, aqui ou acolá, quer seja governante do momento, quer sejam alguns movimentos sociais representados por algumas entidades, possam, um dia, lograr êxito ao tentar calar a Justiça do Trabalho, altaneira e sobranceira deste País, eu quero, com a autoridade de quem, por longo tempo, militou nessa Justiça especializada, tranqüilizar a todos, porque as reservas de independência que, historicamente, se cultiva nesses pretórios, nós damos a segurança de que, seja qual for o rumo político que a Nação possa tomar, haveremos de ter sempre magistrados comprometidos com aquele objetivo primeiro da nossa Egrégia Justiça do Trabalho que outros não são, como já foi dito, senão o alcance da harmonia e da paz social.

Por isso, Sr. Presidente, estou, no dia de hoje, a vivenciar e rememorar momentos muito férteis da minha vida como profissional, muito tempo antes de pensar em ser representante do povo desta Cidade, aqui, neste Legislativo. Coisas do final dos anos 60, quiçá do início dos anos 70, quando homens como Jorge Surreaux, Barata e Silva, Pajeu Macedo e Silva e Véscio Pacheco já começavam a escrever essa trilha que, mais tarde, Ronaldo Lopes Leal, João Luiz Prunes, Wilso Luiz Bilhalva, Flávio Sirângelo, Dr.ª Alcina Surreaux, João Pereira Leite e outros tantos haveriam de se consagrar.

A essa Justiça, independente, altaneira, sobranceira, que não se curva às mazelas políticas, que não se cala diante dos movimentos de intolerância, eu acrescento as minhas modestas, porém, muito sinceras homenagens. Ela tem sido, ao longo do tempo, e continuará sendo, a garantia de que, no Brasil, civilizadamente, se busca dirimir os conflitos do capital e do trabalho no pretório absolutamente correto, e essa é a pendenga judicial, arbitrada e tendo à frente homens ou mulheres competentes, alguns dos quais vivendo uma nova era, com a qual ainda não me acostumei por inteiro, eis que continuo entendendo que o juiz classista jamais deveria ser extinto neste País.

De qualquer sorte, sei que a capacidade dos integrantes dessa Justiça especializada nos dá a tranqüilidade e a segurança de saber que sempre haverá, neste País, homens e mulheres que, com a toga ou sem ela, serão absolutamente isentos, absolutamente independentes, absolutamente corajosos para, respondendo a qualquer circunstância que os desvãos da nossa vida pública possam oferecer, dar uma resposta objetiva aos clamores de justiça social que lhe batem à porta no cotidiano.

Que o atual Presidente do TRT leve a todos os seus colegas a minha mais sincera homenagem e a minha crença inabalável de que, ao longo do tempo, neste novo milênio, haverá, sempre, de prosseguir na sua senda a nossa gloriosa Justiça especializada, onde se faz a paz social e a harmonia entre o capital e o trabalho. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Registramos a presença do Dr. Valmir Batista, Presidente da OAB.

Com a palavra o Dr. Darci Carlos Mahle.

 

O SR. DARCI CARLOS MAHLE: Ex.mo Ver. Reginaldo Pujol, que preside, neste momento, esta Sessão; Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Dois fatos que se aproximam na história foram rememorados na nossa presença nesta Casa de representantes do povo. Dois fatos que se aproximam na história e que, se bem pensados, bem examinados, têm outras afinidades. A Justiça do Trabalho nascia justamente no momento em que se desenrolavam e em que evoluíam os fatos que justificaram a formação da nossa Força Expedicionária Brasileira. E se nós formos remontar aos objetos que tiveram esses atos – a criação da Justiça do Trabalho e a formação de uma Força destinada a defender a democracia -, nós vamos ver que não apenas o momento histórico aproxima esses acontecimentos.

 Nós lamentamos, neste momento, não termos a eloqüência espontânea que tiveram os Vereadores e a Vereadora que ocupou esta tribuna e que destacou acontecimentos. Sobretudo, nos surpreenderam pelo tanto que conhecem da Justiça do Trabalho e pelo tanto que conhecem e apreciam a sensibilidade e a profundidade de um ramo do Direito que se propõe a estabelecer uma desigualdade jurídica para compensar uma desigualdade econômica.

Nunca vi tão destacada e tão notada a função social preponderante que tem a Justiça do Trabalho, o exercício da judicatura a serviço da harmonia social. A Justiça do Trabalho sai daqui, sem dúvida, confortada. Confortada, quando se ouve a Vereadora destacar a inércia dos nossos legisladores e incorporar a nossa legislação, que já foi a mais primorosa do mundo, às recomendações da Organização Internacional do Trabalho.

Vemos que temos defensores, quando nos acusam de prestar uma jurisdição morosa e deixam de destacar que a Justiça do Trabalho chega a receber duas milhões e quinhentas mil ações e que as suas mil e setena e uma varas disseminadas por todo o território nacional, nos seus vinte e quatro Tribunais Regionais, são constituídas de juízes que se desdobram, que se superam para manter da forma mais pronta e mais justa a prestação jurisdicional, num direito que se torna cada vez mais árido e de aplicação cada vez mais difícil, especialmente porque não está-se atentando àquilo que foi destacado no discurso do Ver. Raul Carrion: a lei deve vir como uma aspiração do meio social, e essa lei não pode permanecer inerte. Essa lei deve ser muito dinâmica; ela deve vir sempre elaborada no momento em que por ela anseia o meio social em que ela vai atuar.

A Justiça do Trabalho - tenho certeza - tem-se superado e tem superado todos esses percalços que se apresentam, como está superando esse, daqueles que num momento preconizaram a sua extinção e, para gáudio nosso, vemos que com manifestações como as de hoje, semelhantes às que aqui presenciamos nesta homenagem que estamos recebendo, que as próprias forças que inicialmente se levantaram hoje preconizam uma mudança de direção, nesse contexto que se convencionou chamar de globalização ou de liberalização, ou até de “Mc donaldização” da economia mundial.

Nós estamos superando tudo isso e o próprio Banco Mundial já está recomendando uma política desenvolvimentista mais humanista, mais humana e que, logicamente, não poderá prescindir de uma Justiça onde atuem juízes cônscios da sua grande responsabilidade social.

A Organização Internacional do Trabalho já se apressa a recomendar à Organização Mundial do Comércio a inclusão das cláusulas sociais, e nós já temos notícia, aqui no Rio Grande do Sul, de importadores que estão exigindo dos nossos exportadores a observância da não-utilização do trabalho escravo, da não-utilização do trabalho do menor, tudo isso que a Vereadora, com tanta propriedade mencionou: cláusulas que estão contidas nas recomendações e nas convenções da Organização Internacional do Trabalho.

A Justiça do Trabalho sai daqui confortada com o que ouviu, sai daqui homenageada, eternamente grata à iniciativa do Ver. Sebastião Melo e sensibilizada com a unanimidade dos votos que determinaram essa homenagem, e sobretudo, com as palavras confortadoras que nós ouvimos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Queremos manifestar a nossa alegria pela honra e o privilégio de ter conduzido os trabalhos nesse período da Ordem do Dia, dos trabalhos desta Câmara Municipal, em que foi homenageada a Justiça do Trabalho no transcurso dos seus sessenta anos de atividade no País.

Cumprimento o Ver. Sebastião Melo, autor da homenagem, e todos os integrantes da Mesa. Agradeço pela presença de todos. Agradeço, também, pela honra que nos deram de podermos homenageá-los neste momento. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h02min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol – às 16h07min): Estão reabertos os trabalhos.

Retroagindo ao ato do Presidente da Casa, que declarou empossado, nesta Sessão, em substituição ao Ver. Antonio Hohlfeldt, o Ver. Roque Jacoby, e, como esse nos envia correspondência se dando como impedido para assumir nesta data a Câmara Municipal, e como também o suplente imediato da coligação PPB/PSDB, Bernardino Vendruscollo se declara também impedido para assumir nesta data, foi convocado, e já está presente na Casa, o Suplente subseqüente, que é o Ver. Carlos Matzenbacher, a quem eu convoco para que faça a entrega de seu Diploma e da Declaração de Bens a esta Mesa, conforme preceitua o Regimento.

 

(É feita a entrega da do Diploma e da Declaração de Bens.)

 

Convidamos os presentes para, em pé, ouvirem o compromisso que o Suplente prestará a seguir. Solicitamos ao Ver. Carlos Matzenbacher que leia o compromisso constante do art. 12, parágrafo 1º, letra “a” , do Regimento.

 

O SR. CARLOS MATZENBACHER: (Lê.) “Prometo cumprir a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, defender a autonomia municipal e exercer com honra, lealdade dedicação o mandato que me foi conferido pelo povo.”

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Declaro empossado o Ver. Carlos Matzenbacher, solicitando a S. Ex.ª a indicação do nome parlamentar.

 

O SR. CARLOS MATZENBACHER: Carlos Matzenbacher.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Informo a V. Ex.ª que deverá integrar a Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e MERCOSUL.

Informo ao Ver. Carlos Matzenbacher que, na forma do Regimento, S. Ex.ª dispõe de cinco minutos para se pronunciar, podendo fazê-lo agora, ou quando entender oportuno.

 

O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Grande Expediente por cessão de tempo do Ver. Marcelo Danéris.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Aos membros da Associação Comunitária Força Total, que acompanham nossa Sessão, nossa saudação especial.

No Grande Expediente, pretendo abordar a questão da prática dos ilícitos no Município de Porto Alegre, coisa que se faz no Estado e no País. Em vários ônibus, seja na parte interna e até com cartazes na parte externa de ônibus, uma campanha que eu considero meritória, fundamental e corretíssima: é a questão de chamar a atenção da população de Porto Alegre sobre o vale clandestino. Diz o cartaz: “vale clandestino, tô fora”.

Os jornais, dos últimos dias, veiculam que são milhares de vales-transporte que não são os vales oficiais, mas são vales adulterados, tão bem adulterados que são iguais aos vales normais. São vendidos em tudo que é canto nas ruas da nossa Cidade. Dias atrás eu fiz uma experiência: do Mercado Público até a confluência com a Av. Farrapos, indo pela Av. Voluntários da Pátria, havia dezenove pontos de venda de cigarro contrabandeado e vale-transporte. Sexta-feira, eu fiz uma cruzada pelo Centro e pude verificar inúmeros lugares vendendo vale-transporte. Como as pessoas chegam ao vale-transporte? É certo que sobram vales de algumas pessoas aqui, sobram vales ali, temos a crise, a pessoa vende, mas eu vi: trocam por cigarro! Trocam por cigarro contrabandeado, que não paga imposto; que falta para os cofres públicos, que, por sua vez, falta o dinheiro para a habitação popular, falta dinheiro para a saúde. Quem ganha com isso? Aquele que vende o vale-transporte, ganhando alguns “microcentavos”? Ou, como alguém pode ganhar a vida decentemente vendendo cigarro contrabandeado, dois maços por 1 real? Quem ganha é o contrabandista! Por que há poucos dias foram apreendidas várias cargas de cigarro contrabandeado, na descida da 386? Não havia isso há dias, há meses. Só na 290. Porque aqui nós também denunciamos, e eu mostrei a carta que mandei à Secretaria de Segurança Pública, à Secretaria da Fazenda e à Casa Civil, mostrando a rota do contrabando do cigarro para Porto Alegre, entre outros contrabandos.

Disse aqui, quarta-feira, estava na Mesa Diretora a Vereadora da minha Bancada, Helena Bonumá, um dos nossos convidados para o debate sobre a segurança pública: “Nós, a sociedade, somos culpados por uma série de ilícitos que, por via de conseqüência, levam à violência.” Por exemplo, nós compramos o vale-transporte. Eu falo nós porque o povo compra, porque é alguns centavos mais barato. Mas com isso estamos fomentando, não estamos dando saída para quem vende, para quem é o camelô; ele é o coitado, ele é o explorado. Se esses vales fossem vendidos num lugar oficial, talvez ele fosse o balconista, vendendo com carteira assinada. Porque, a história de que a informalidade é uma forma de enfrentar o megacapital não é verdadeira, não é a saída. Se alguém compra uma garrafinha de água mineral na entrada da rodoviária por 60 centavos, quando lá dentro é vendido por 1 real, nós perguntamos: mas como um vende por 60 centavos e outro por 1 real ? Porque há 17 % de ICMS. Na verdade a de 60 centavos é mais cara do que a de 1 real, porque a parte do governo que é para fazer casas, pagar a saúde, pagar professor, pagar brigadiano, alguém ganha e não é o camelô que está vendendo ali. É o intermediário, aquele faz o esquema. E tem mais: nós não conseguimos andar na Rua Alberto Bins hoje.

Fiz um levantamento e quero mostrar aqui aonde está a origem do problema: não é o camelô que atrapalha a kombi-lotação, pois a pessoa não consegue subir na kombi, fechando duas portas de dois importantes hotéis da Cidade, é uma loja estabelecida dentro da Galeria Nação. A nossa fiscalização não consegue pegar essa gente, porque não está agindo com a Secretaria da Fazenda do Estado, com a Receita Federal, com a Polícia Federal, ninguém consegue enfrentar esta questão. Já disse ao Secretário César Alvares que, sem uma ação conjunta dos três órgãos governamentais, não tem saída.

Bela a campanha da ATP! Parabéns à ATP, à Prefeitura e à EPTC que estão fazendo esta campanha. Mas, é preciso ter uma ação. Se nós não tivermos a condição de que o azulzinho mais o fiscal da SMIC - juntos - puderem incidir sobre esses vales, vamos mudar a lei. Eu já apresentei uma proposição aqui de que todos os ilícitos, inclusive o contrabando, a pirataria, a Prefeitura pode agir dispensando qualquer ação, inclusive com a Receita Federal. Na minha opinião, pela leitura da lei, isso é possível.

Portanto, venho aqui nesta tribuna para falar de vários ilícitos. Nós somos culpados de que isto esteja acontecendo, porque somos coniventes, não mostramos quem está por trás do contrabando, quem de fato está por trás do esquema. Há dias atrás eu disse aqui e repito: tem um esquema! Os livreiros estão se queixando na Cidade que diariamente os livros são roubados das livrarias. Pois eu passei na esquina da Rua da Praia e vejo quatro livros, capa “tinindo”, por cinco “pilas” cada um. É um livro cujo custo seria de 25 a 30 reais na livraria. Há dias, eu vi dois “Noites Tropicais”, que custam 37 reais, o livro do Nelsinho Mota, sendo vendidos por 5 reais; isso é livro roubado. O esquema está com uma pessoa, a 1ª DP já sabe quem é. Nós não poderemos nos calar diante disso. Nós temos a nossa Cidade invadida por uma máfia que arregimenta os desempregados, as pessoas que têm dificuldade de cuidar da sua família, que ganham míseros centavos, Ver.ª Berna Menezes, mas quem ganha mesmo é um esquema mafioso que por trás do vale-transporte, do cigarro contrabandeado, dos óculos de grau, tem gente graúda e não são os pequenos que têm de levar a culpa. Nós temos que agir: Polícia Federal, Receita Federal, junto com Secretaria da Fazenda e SMIC têm de tomar posição conjunta, caso contrário, vamos sucumbir diante da máfia. Portanto, Operação Mãos Limpas na nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente em exercício, Ver. Reginaldo Pujol, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, Senhores e Senhoras que nos honram com a sua presença, nesta tarde, aqui, na nossa Câmara Municipal. Nós queremos tecer alguns comentários a respeito de temas recorrentes nesta Cidade e que ocupam, diuturnamente, as manchetes dos jornais e a preocupação dos porto-alegrenses e das porto-alegrenses. Ontem estivemos, como soí acontecer todos os domingos, no Brique da Redenção que é o cartão de visitas, um dos mais expressivos, dos mais autênticos e dos mais representativos da cultura da nossa Cidade. O Brique é uma honra para Porto Alegre, para nós todos, porque sabemos que todas as grandes cidades têm uma vitrine onde por ali, ou ali, são mostradas as vivências, as convivências, as estruturas e as culturas do povo daquela Cidade. E o nosso Brique em dias outonais, em dias primaveris chega a abrigar cerca de quarenta mil pessoas. Mas surpreendi-me com duas coisas, uma negativa e outra positiva. A negativa é que fui surpreendido, ao caminhar no espaço nobre do Brique - que é exatamente o leito da Rua José Bonifácio - com mercadorias, quinquilharias estendidas no chão, sendo vendidas ali. Algo que já se caracteriza infração. Não vi – e tenho prestado atenção – a fiscalização da SMAM ou da SMIC, ali. No caso da venda de cachorrinhos, animais pequenos, é da SMIC a fiscalização; é comercialização ilícita, ilegal. E quanto a interromper um leito que é curto, que é só aos domingos, que é privilégio do povo, de todos nós, por enormes lençóis, onde colocam quinquilharias? Eu já não falo da Rua da Praia, ali, vimos acompanhando pelos jornais, é uma luta inglória, inclusive da fiscalização da SMIC - eu falo na presença do Sr. Sebastião, Chefe da Fiscalização - , o atrito do comércio ilegal. Então, vemos que ali pelo menos há um esforço, embora o Poder Público esteja perdendo o ponto do Centro da Cidade, mas agora se vê que o Sr. Prefeito, em boa hora, está colocando câmeras de vídeos, está colocando mais policiamento e, inclusive, aquilo que é a nossa grande aspiração, a nossa luta no nosso Projeto da criação da Secretaria Municipal de Segurança, cuja âncora é o uso da Guarda Municipal. E o Prefeito foi sensível ao assopro, à assessoria do Sr. Luiz Eduardo Soares que lhe aconselhou, e o Prefeito está buscando, através de curso de qualificação profissional de adestramento do guarda municipal, o uso do Guarda Municipal para as contingências municipais, como pleiteamos há muito tempo desta tribuna.

Mas eu falava do Brique, é inadmissível, onde está a fiscalização da SMIC e da SMAM? O ano passado, quando nós disputávamos espaços eleitorais, democraticamente, no Brique, havia uma presença constante da fiscalização, que eu louvei, porque é necessária disciplina dos espaços para todos os partidos, a todas as representações políticas em épocas pré-eleitorais. Agora, da mesma maneira, reivindico e requeiro hoje, que é intolerável, no leito principal, com o espaço restrito, que é da população que vai lá pacificamente tomar o chimarrão, passear, conviver, inclusive pessoas do interior e turistas, que sejam colocadas quinquilharias no leito da José Bonifácio.

A notícia positiva é que verifiquei, caminhando do Monumento do Expedicionário para os lagos, dois lagos que tem no centro do Parque Farroupilha, em direção do primeiro lago, saindo do Monumento ao Expedicionário, à esquerda, naqueles gramados, há uma convivência que considerei positiva, mas que tem que ser disciplinada, que é esse falado e comentado “cachorródromo” - ou outro nome -, que trata da convivência de animais da raça canina. Estamos em vésperas da apreciação de um Substitutivo, já amadurecido, a respeito do disciplinamento dos animais tidos como das raças agressivas. Essa é uma discussão que faremos no momento em que adentrar esse assunto, mais uma vez, neste Plenário. Falou-se que o Parque Farroupilha poderia ter esse “cachorródromo”, um espaço dedicado aos cães. Eu acredito que seja uma idéia; nós temos lutado para que os cães de porte muito avantajado e considerados de raça agressiva não tenham convivência com a população, pela sua periculosidade. Então, parece-me positivo circunscrevê-los a um local determinado. Nesse local, à esquerda do Monumento Expedicionário, há gramados, lá havia mais de cinqüenta donos de cães convivendo amistosamente. Eu verifiquei, por isso eu tenho certeza de que tem de haver dois locais, um específico para cães de grande porte, de raças consideradas mais agressivas, como o bull terrier, pit-bull, rottweiler, fila brasileiro e dogue argentino, esses animais de maior periculosidade ou potencial de periculosidade tenham uma convivência restrita entre si. Ontem, eu assisti, nessa convivência, que um cão maior se indispôs com um menor, e as crianças e os próprios adultos assustaram-se. A idéia é boa, acredito que ela já está inclusive acontecendo ao natural, mas penso que seja importante retirá-los do leito da Av. José Bonifácio, onde milhares de pessoas transitam pacificamente e fazem o seu lazer.

Eu considerei essa iniciativa positiva, e a população, sem disciplinamento ou pré-requisito, já está levando os seus animais para um local restrito. Só que, agora, a municipalidade tem que tomar providências no sentido de que não haja o contato entre animais maiores e menores, inclusive trazendo perigo à população. Por isso, temos essas duas questões a trazer, a reclamação objetiva, construtiva para que a fiscalização da SMIC e da SMAM, que é competente, tenha presença no Brique da Redenção onde milhares e milhares de porto-alegrenses se dirigem aos domingos e o disciplinamento naquele local tão simbólico, tão emblemático da beleza desta Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Desejo esclarecer ao Plenário que o Ver. Nereu D’Avila utilizou o tempo que lhe cabia, por inscrição. Anteriormente, houve a cedência de tempo do Ver. Paulo Brum ao Ver. Isaac Ainhorn, conforme nos informa o Presidente da Casa, Ver. Fernando Záchia, que conduzia os trabalhos naquele momento.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mº Sr. Reginaldo Pujol, que preside os nossos trabalhos, demais colegas, pessoas que nos assistem, especialmente as famílias e lideranças do Ipê/Glória, da Associação e da Cooperativa que aqui se encontram e que são um dos motivos da nossa manifestação, Ver. João Dib, inclusive para que esta comunidade não espere toda a tarde, aqui, e possa o seu problema ser colocado para o conjunto dos Vereadores.

Como esta Casa vem acompanhando há algum tempo, há mais de dois anos existe a ocupação dos prédios do Ipê/Glória, que estavam abandonados, ali na Intendente Azevedo. Foi formada uma cooperativa, que adquiriu uma área para assentar os cooperativados e, uma outra parcela de moradores, mais de quarenta famílias, que não conseguiu integrar essa cooperativa, pleiteou no Orçamento Participativo uma solução. Foi conseguida uma área na região sul para essas famílias da Associação, e a área do Partenon adquirida pela cooperativa levou um certo tempo para a liberação dos projetos e a execução das obras.

No dia 6 de fevereiro, tivemos a iminência de um despejo; conseguimos uma negociação, na qual a CUTHAB teve um papel extremamente importante, e esta Casa também, pelo seu respaldo, e conseguiu-se um adiamento do despejo. Houve um recurso ao Tribunal e o Desembargador José Aquino Flores de Camargo, ainda em abril, determinou a execução da liminar de reintegração de posse. Havia, inclusive, a previsão de que esse despejo ocorresse na sexta-feira passada. Como é uma operação grande, não houve essa possibilidade. Tivemos uma assembléia da comunidade, na sexta-feira à noite, e até sugerimos que a comunidade viesse até aqui para trazer o problema para todos nós. Na verdade, estamos precisando de um pequeno prazo a mais, porque essas chuvas torrenciais que a Cidade vivenciou neste início de ano, atrasaram as obras, tanto na região sul como as próprias obras de infra-estrutura na área da cooperativa. E é muito complicado que essas famílias sejam jogadas na terra nua, no mau tempo e com todas essas dificuldades. Nesse sentido, nós conversávamos com os colegas da CUTHAB, Ver. Sebastião Melo, que é o nosso Vice-Presidente, os Vereadores José Fortunati, Valdir Caetano e Paulo Brum, no sentido de que essa Comissão faça um contato com o Desembargador José Aquino solicitando um prazo. Vamos fazer um documento nesse sentido, também sensibilizados pela demanda dos mutuários, que querem reaver o espaço, e por quem temos todo o carinho. Mas é uma questão de um mês, 15 dias, quando criaríamos uma estrutura mínima. As áreas já estão determinadas, os projetos já realizados. Este é o primeiro tema e gostaríamos que o conjunto dos Vereadores acompanhasse essa luta, dando-nos aquele respaldo tão necessário.

Queremos também referenciar outros dois problemas na área de moradia. Um deles é o chamado Unidão, lá na Restinga. Na semana passada, foram procurados por policiais militares do destacamento da Restinga, também com ameaça de despejo na sexta-feira. Fizemos inúmeros contatos, em nível de Secretaria de Segurança, em nível do DEMHAB, que enviou uma carta para o fórum, tentando evitar - e realmente foi evitado -, mas estamos também com o despejo de quinhentas famílias que lá se encontram há mais ou menos três anos, e que estão, inclusive, buscando uma área alternativa na Lomba do Pinheiro. Essas famílias estão participando ativamente das plenárias do Orçamento Participativo, tiraram dez delegados na municipal, nesta quinta-feira haverá o OP estadual. Na assembléia que realizamos domingo com estas famílias, incentivamos a ida massiva, porque é possível conseguir-se uma solução, também através do Orçamento.

Para concluir, convidamos todos os Vereadores para comparecerem, amanhã, às 9h30min., na Rua dos Andradas, quando iremos vistoriar um prédio, um edifício com mais de cento e quarenta apartamentos, e onde está sendo pedida a saída dos moradores para as obras. Queremos ver se há a possibilidade de serem feitas estas obras com a permanência dos moradores lá.

Então, são três questões: na Andradas 497, Unidão, na Restinga, e o problema dos companheiros do IPE que estamos tentando aqui solucionar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Passo a direção dos trabalhos ao Sr. Presidente da Casa Ver. Fernando Záchia.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou encaminhando um pedido de explicação para o comportamento da Brigada Militar, ontem, no Beira-Rio, com o Fotógrafo Ricardo Just, do Correio do Povo, sendo agredido com pontapé, no exercício da sua profissão. Se o fotógrafo profissional apanha, não sei como serão tratados os torcedores. A foto é de Ricardo Duarte, da Zero Hora, e gostaria que fosse mostrada, o que dá bem para vermos o nível da agressão. Dá perfeitamente para ver que não há torcedor algum, e o Fotógrafo está sendo agredido. Estou pedindo providências junto à Brigada Militar.

Saudando os taquígrafos pelo seu dia, transcorrido ontem, na representação dos nossos funcionários aqui da Casa, eu preciso dizer para todos os meus amigos Vereadores e amigas Vereadoras que estou decepcionado com o jeito que estamos fazendo política; até agora, e lá se vão quatro meses, não aprovamos um projeto sequer de real interesse imediato da sociedade.

Nós estamos conduzindo muito devagar este Parlamento. Precisamos, com urgência, alterar o Regimento, para que possamos, realmente, desenvolver uma política mais dinâmica.

Nas mãos de todos os Vereadores e Vereadoras está essa responsabilidade. Precisamos mudar e sem muitas discussões, do contrário vamos acabar usando todo o exercício de 2001 para alterações no Regimento da Casa.

Sejamos rápidos, como se decide em outras profissões. Vamos todos pegar este cargo, que é ser Vereador, como uma profissão de fé, e vamos verdadeiramente trabalhar. Por exemplo, estou protocolando aqui na Casa hoje pedido de alteração na forma de se decidir, no Parlamento, os pedidos de moções, nomes de rua, pedidos de homenagem, que fale, apenas, por cinco minutos o autor do pedido e coloque-se, em seguida, em votação nominal. Estou pedindo que se reduza o tempo de oratória para moções, nomes de rua, homenagem, o Grande Expediente, que assinala o transcurso de aniversário de alguma entidade ou instituição, com Vereadores tendo oito minutos para falar, por favor! E a Tribuna Popular? Não pode ser mais rápida, mais ágil? Cada bancada tem dois minutos! Por que não falar só o Presidente da Casa?

Eu espero que todas as bancadas de Vereadores desta Casa entendam a minha preocupação, porque acredito que assim vamos dinamizar, tendo mais tempo para discutir projetos de real importância para a sociedade, dando uma resposta mais consistente para aqueles que votaram em nós, para que viéssemos aqui trabalhar.

Eu acredito que, se agilizarmos os nossos trabalhos com Sessões Plenárias mais enxutas de oratórias e discursos, poderemos aprovar um maior número de projetos que realmente são necessários para o povo de nossa Cidade. Eu penso até em convocar uma reunião com todos os Vereadores interessados, para que possamos agir no problema da habitação com mais urgência, porque não é possível que as reclamações aumentem, que as pessoas nos procurem, cada vez em maior número, reclamando de ameaças de despejos e de desocupações ocorrendo por falta de uma política mais firme na área da habitação. Por que esta CPI está parada ou apenas no ensaio? Vamos ver como esses problemas habitacionais, que chegam aos nossos gabinetes, poderão ser resolvidos, porque não é possível que isso continue dessa maneira.

Hoje, nós tivemos a Associação Comunitária “Força total na luta pela habitação”, anteontem tivemos outras pessoas, pipocam em todos os gabinetes reclamações sobre habitação em nossa Cidade.

A Comissão que está discutindo o local para a pista de eventos, por exemplo, Ver. Humberto Goulart, uma sugestão: por que não se reunirem os Vereadores da Comissão, os carnavalescos e a Secretária da Cultura quantas horas forem necessárias para se decidir e aprovar projetos, dando-nos prontos para a votação aqui na Casa? Do contrário, nós vamos repetir exercícios passados nesta Casa, atravessando doze meses discutindo o mesmo assunto sem chegar a um acordo. Eu acho que isso é inconcebível para uma bancada de Vereadores como a nossa.

Se estabelecermos uma atitude mais firme sobre o problema da habitação - decidir sim ou não pela habitação, sobre a CPI da habitação; todos os dias há denúncias - se aprovarmos o Projeto do Pronto Socorro da Zona Sul, pedido neste exercício pelo Ver. Sebastião Melo, se colocarmos pelo menos uma casa-lar em perfeito funcionamento, além das casas-lares que o PT afirma possuir, mas que eu não encontrei, se fecharmos o primeiro semestre do ano com essas providências tomadas, poderemos, sim, entrar em período de recesso com a consciência tranqüila para descansar nossas cabeças, nossas mentes, para voltarmos e dobrarmos as nossas conquistas no segundo semestre.

Eu sei que existe a disputa política e partidária e eu a respeito, mas estou pedindo que todos dêem um pouquinho mais de compreensão e aceitação na hora de decidir idéias que tragam visíveis benefícios ao povo.

Eu sou um sonhador sim – eu nunca ultrapassei o meu tempo, mas hoje vou ultrapassar, com a sua permissão, Sr. Presidente - e vou continuar sonhando e falando como quando estava lá fora. Eu já posso dizer que temos um poderio parlamentar muito bom aqui dentro desta Casa, e se todos nós realmente pegarmos com real disposição os acertos rápidos, sem mais delongas, discursos ou pregações partidárias, haveremos de alcançar nossos objetivos com maior facilidade e rapidez.

Fico muito feliz quando pessoas - com as quais encontro na rua - dizem que este Parlamento tem qualidade. Eu espero não estar pedindo muito e nem estar sendo ousado ou atrevido; eu estou apenas propondo um jeito diferente de encaminhar os trabalhos neste Parlamento. Acho-me nesse direito, em nome dos meus eleitores. Não que tudo esteja errado aqui, não é isso, não que nada aqui funcione, não que esta Casa não saiba fazer coisas pela Cidade, pelo contrário, ao longo dos tempos mostrou ser um dos parlamentos municipais mais ativos deste País. Estou apenas propondo alterações para dinamizar mais ainda esses trabalhos, como eu quero que a Bancada do PT apresente projetos de consistência para a sociedade. Eu quero votar também com o PT. E por favor, meus amigos do PT, compreendam-me: do Executivo precisam vir também projetos para esta Casa, porque em campanha todos nós prometemos. O Legislativo e o Executivo, quando pedimos votos, nós prometemos. Que a Prefeitura não seja apenas um instrumento de vetos, mas de projetos e de aprovações do Governo e da oposição.

Todos nós por Porto Alegre e soluções para os seus problemas, e que os nossos problemas partidários sejam discutidos em casa, no Partido de cada um de nós. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Srs. Vereadores, esta Presidência quer registrar com muita alegria que, amanhã, dia 8 de maio, o Ver. Paulo Brum fará aniversário. Queríamos manifestar a V. Ex.ª, antecipadamente, porque amanhã não teremos Sessão, os nossos cumprimentos.

 

O SR. PAULO BRUM: Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, desta tribuna, hoje, vou abordar dois assuntos. O primeiro deles é a respeito da última reunião da CEFOR, terça-feira, quando tivemos a presença do Sr. Paulo Henrique Soares, Supervisor de Edificações da Secretaria Municipal de Obras e Viação, e também o Sr. Augusto Martins, Coordenador de Negociações do Departamento Municipal de Habitação. O que foi discutido e dito pelo Sr. Paulo Henrique Soares - foi iniciativa deste Vereador convidar o pessoal da SMOV, o seu titular não se fez presente, mandou um representante - foi a respeito dos loteamentos irregulares que existem na nossa Cidade, principalmente na Zona Sul de Porto Alegre. E depois de ouvir das pessoas responsáveis, confesso que a preocupação tornou-se maior. Ouvimos do Sr. Henrique Soares, que todos aqueles loteamentos são irregulares, talvez, algum desses loteamentos estejam em fase de regularização.

Sabemos, Ver. Isaac Ainhorn, que quando fazem um loteamento, no início, quando e a Prefeitura é acionada, já foi feito o desmatamento, já foi feita a terraplanagem. E as pessoas que compraram os seus terrenos, como ficam? Estou vendo aqui nas galerias a Associação Comunitária Força Total na luta por uma habitação. Pessoas que tem de ter uma vida digna, um lugar para morar. Acompanhamos loteamentos irregulares, pessoas que usam da má-fé, vendem seus votos a essas pessoas e, de repente, constatam que essas casas pertencem a um, dois e até a três proprietários. Esta Casa tem de tomar medidas urgentes junto à Prefeitura, para que, de uma forma muito atuante esteja presente nesses locais onde há esses loteamentos irregulares para dar um basta a isso. Se isso não acontecer, em um breve espaço de tempo, a natureza, com o que tem de mais belo, que são as áreas verdes, estará destruída.

Um segundo assunto, que não gostaria de fazer, mas sou obrigado. Domingo à noite uma família da Zona Sul foi surpreendida com os assaltantes tentando entrar pela janela, não entraram porque havia uma grade.

Srs. Vereadores, temos de convocar, para vir a esta Casa, para sabermos quem é o responsável pelo 190. Vereadora, graças a Deus, eu digo que no momento em que este Vereador, vindo de uma promoção, quando era mais ou menos meia hora da madrugada, parei no local para dar uma atenção para essa família, e chegou um assessor seu, naquele momento, e ouviu o drama dessa família que ligou para o telefone nº 190, e eles deram a seguinte informação: “Eles estão ainda aí? Eles entraram dentro de casa? Então, faça o seguinte: segunda-feira ligue para o nº 288-32-80 e peça que eles aumentem o patrulhamento na sua residência.” Eu já disse nesta tribuna e repito mais uma vez que há problemas com o telefone nº 190 e problemas gravíssimos! Destaco que depois foi ligado para o Destacamento da Tristeza, ligamos para a CONCEPA, a família também ligou e, de fato, chegou lá a viatura nº 2876, com dois policiais que deram uma assistência muito cordial, como deve ser o policiamento da nossa Brigada Militar. Faço o reconhecimento da viatura nº 2876 e dos dois policiais que lá estiveram.

Os integrantes da Comissão devem ouvir, sim, o caso do telefone nº 190, porque há problemas muito sérios. Saúde, paz e segurança. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nosso ex-Prefeito da Cidade de Porto Alegre e, por que não, daqui a três anos e pouco, futuro Prefeito de Porto Alegre.

Nós solicitamos o tempo de Liderança, porque fomos designados pela Casa para representar a nossa Câmara na posse dos novos juízes do Tribunal da 4ª Região, e não poderíamos, após um fato importante no nosso Partido, que foram as eleições que aconteceram ontem em todo o Rio Grande do Sul, deixar passar esta ocasião sem o nosso registro.

Antes, porém, queremos dizer aos moradores da Rua Com. Azevedo que, como Vice-Presidente da Comissão de Habitação e Transportes da Cidade, liderada pelo Ver. Raul Carrion, que tem nos representado em inúmeras assembléias, que nós estamos pari passu trabalhando na luta a favor de encontrarmos uma solução negociada para a questão dos senhores. Gostaria de esclarecer isso antes de entrarmos na matéria que vamos tratar.

Retomando o que dizia inicialmente, queremos sinalizar, de forma maiúscula, o que aconteceu, ontem, em relação ao PMDB do Rio Grande do Sul. Que eu tenha conhecimento, nacionalmente ou aqui no Estado, foi a primeira vez que um Partido se alçou do instrumento de prévias para escolher dirigentes partidários. A prévia é um instrumento já bastante consolidado em outros Partidos e também no nosso Partido, em algumas ocasiões, como foi, em 1985, com o Carrion e o Fogaça; como foi agora com o Sebastião Melo e Busatto, mas, do ponto de vista da escolha de dirigentes partidários, foi a primeira vez, que tenho conhecimento, que um Partido político tenha alçado da consulta de todos os seus filiados. Tanto eu, como a Clênia, como o Záchia, e todos nós, militantes do Partido, tínhamos uma apreensão muito grande do ponto de vista até da participação, porque, ao logo desses anos todos, de 1966, 70, 80, 90, 2000, são trinta e quatro anos de existência do MDB e do PMDB. Temos um número de filiados que gira em torno de cento e noventa mil. E nós pensávamos que o Partido alcançaria um quórum de vinte e cinco, vinte e oito e, até os mais pessimistas, de vinte mil filiados. Pois, a apuração continua e, daqui a pouco, estará terminada, ou já terminou. Há pouco, recebi um telefonema que, quase cinqüenta mil filiados ao PMDB, dos quatrocentos e noventa e sete Municípios, foram às urnas dizer os rumos que o Partido quer tomar. E quero dizer desta tribuna que, para nós, Presidente Fernando Záchia, só há um vitorioso nessa história, é o PMDB de luta e de guerra, que quer um projeto coletivo, e as eleições diretas não podem ser um instrumento em si só. Precisamos avançar, e temos tratado dessa matéria muitas vezes desta tribuna.

Um Partido se faz com decisões coletivas, um Partido se faz com bandeiras bem definidas, um Partido se faz numa relação orgânica da sua militância com sua direção, da direção com sua militância, da militância e da sua direção com a sociedade civil organizada quase que diariamente, nessa consulta e nessa interação. Esse é o Partido que nós queremos, um Partido que afaste de imediato o Sr. Jáder Barbalho da Presidência do PMDB e da Presidência do Congresso Nacional. O Partido que nós queremos é um Partido que se afaste da base de sustentação do Governo Fernando Henrique Cardoso, porque este Governo está de costas para os grandes clamores sociais. O Partido que nós queremos é um Partido que vem a escolher o candidato a Governador em uma prévia tamanha, como foi a prévia para escolher o Presidente do Partido, até porque não se justificaria escolher o Presidente do PMDB do Rio Grande do Sul pelo voto direito e não escolher o candidato a Governador e os candidatos a Senadores por intermédio de uma prévia. Por isso, nós queremos finalizar e aqui estamos falando, com certeza, no nome da Ver.ª Clênia Maranhão, com certeza, no nome do Záchia, para dizer que, para nós, o PMDB renasce com luta e com um vigor extraordinário nesta marcha democrática, nesta luta da busca da cidadania.

Gostaríamos e queremos deixar aqui assinalado, depois do dia vitorioso, do 06 de maio, da participação de mais de cinqüenta mil pessoal filiadas ao PMDB nesse processo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Paulo Brum está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, imaginem os senhores a dificuldade que tem uma cidadã idosa de se locomover, pegar um ônibus, não só em Porto Alegre, mas no mundo todo. Agora, imaginem os senhores e as senhoras uma cidadã idosa e de cadeiras de rodas. As dificuldades, com certeza, se multiplicam por mil. Pois assim é, e nós temos ainda algumas cidadãs que não se contentam apenas em deixar o tempo passar, são as chamadas “heroínas da vida”. Nós temos aqui um caso: (Lê.) “Aposentada que se queixa da Carris”. Logo da Carris! A nossa querida Carris, e que funciona muito bem, com certeza, Ver. Adeli Sell. Por isso, é com pesar que eu venho a esta tribuna trazer esta denúncia, e já peço, de antemão a V. Ex.ª, ao próprio Ver. Estilac Xavier que, por favor, analisem esta questão que vou trazer aos senhores.

A dona Terezinha Isabel Souto Rocha sofreu um acidente quando era criança - paralisia infantil - e ela tem dificuldade de caminhar. Agora, com o peso da idade, ela não consegue mais usar as suas bengalas, as suas muletas, e passa a utilizar cadeira de rodas. Mas não se deixou abater pela vida. Ela é campeã nacional pela Associação de Amigos do Centro Estadual Esportivo, pratica tênis de mesa. Para os treinos, a dona Terezinha se desloca, duas vezes por semana, da Zona Sul, onde ela reside, para a Zona Norte. A dificuldade que encontra, segundo ela, é de receber ajuda nas linhas de ônibus T5 da Carris. Ela trouxe a denúncia ao meu gabinete. Eu procuro, sempre, analisar com carinho, antes de trazer esse tipo de denúncia a público. Segundo ela, foi insultada pelo motorista, dizendo que a cadeira de rodas que ela porta - que é uma extensão do seu corpo para poder se locomover - “estorvaria, prejudicaria” os passageiros ditos normais.

A Carris já está com quarenta e sete ônibus adaptados com elevadores para facilitar o acesso de cidadãos que utilizam cadeira de rodas. Diga-se de passagem que isso é louvável, uma empresa que é um exemplo e aplaudimos; recentemente incorporou a sua frota os ônibus de piso rebaixado, que possibilitam um melhor acesso às pessoas que têm dificuldade de locomoção, e a meta da empresa, e louvamos e parabenizamos a Diretora Cristina, é que no futuro todos os ônibus da Carris tenham esse acesso facilitado. Mas o que nos deixa estarrecidos é que a informação da Companhia Carris ao jornal Correio do Povo é de que a empresa cumpre o regulamento da Lei nº 12 - Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª que é muito atento às questões do cumprimento das leis -, que, segundo essa Lei, não é permitida a entrada de cadeira de rodas em ônibus convencionais. Eu desconheço essa Lei. Desconheço que exista uma lei discriminatória, porque, se eu não puder pegar o ônibus adaptado, nos horários estabelecidos pela Lei nº 403, não posso sair da minha casa. Não posso cometer o disparate de tentar ter uma vida normal.

A explicação da Carris é de que “está cumprindo o que determina a Lei nº 12, que não permite a entrada do cidadão com cadeira de rodas em ônibus convencionais”. A explicação é de que há insegurança dos próprios passageiros e o transtorno na circulação dos demais. Vejam o ponto a que chegamos! Mas, trago a esta tribuna e peço a interferência do Ver. Estilac Xavier, meu querido amigo, Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores que , por gentileza, nos esclareça a respeito desta denúncia - que não é deste Vereador - mas a imprensa já divulgou, não só para Porto Alegre, mas, também, para todo o estado do Rio Grande do Sul. Nós não queremos que estas denúncias fiquem apenas como uma pedra atirada do ar, até porque conheço o carinho, a responsabilidade da Diretora Cristina e como ela vem conduzindo a nossa querida Carris. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores, distintos assistentes desta Sessão.

Na última Comunicação, estive aqui, nesta tribuna, para falar sobre a situação nacional do Senado. E, se hoje eu pudesse dar um título ao que está acontecendo, ao processo que ocorre no Senado da República, diria que o título adequado seria: “A senha do delito“.

Todo o Brasil assistiu à acareação feita entre os Senadores Antônio Carlos Magalhães, Arruda e a ex-diretora do PRODASEN, Regina Borges. O Sen. Antônio Carlos disse que nunca tinha visto a lista. Depois viu a lista e não fez nada, porque se tratava de salvar o Senado, tratava-se de razões de Estado. Ora, a salvação de uma instituição é o cumprimento da lei, é a observância das leis, é a transparência dos seus atos. Quando é que a verdade de um fato pode destruir algo? Pode destruir os interesses que se acobertavam em cima daquela lista que estava escondida e que ainda está escondida. O que estou aqui a afirmar é que no procedimento do Sen. Antônio Carlos Magalhães, hoje, o País inteiro assiste a uma tentativa de impedir as punições devidas a isso, a esses fatos gravíssimos. E porque eu disse que se tivesse que fazer um artigo sobre esse assunto começaria com o título “A senha de um delito”? O que é senha? Senha é o que nos possibilita acessar os nossos códigos bancários, é o que possibilita alguém se aproximar de uma guarda armada, à noite, por exemplo, sem que ela seja admoestada, alvejada, senha é o que permite acessar a qualquer espaço que é privado para alguns só entrarem. Quando o Sen. Antônio Carlos Magalhães liga para a Dr.ª Regina, ex-diretora do PRODASEN, e diz as seguintes palavras, uma coisa inusitada: “A senhora tem serviços prestados ao Senado, não fique nervosa, porque a senhora não tem culpa.” Mas isso é um raio caído do céu azul! Imagine, Ver. Isaac Ainhorn, receber de alguém, no meio da noite ou durante o expediente a seguinte ligação: “Aqui fala o fulano de tal, o senhor tem serviços prestados, não fique nervoso, o senhor não tem culpa.” Isso é uma senha! E qual era a senha? Era a senha que confirmava o fato de que a lista tinha chegado às mãos de quem tinha pedido a lista. Porque a grande dúvida que assaltou a ré confessa, ex-diretora do PRODASEN, Regina Borges, era essa: “Será que de fato estou entregando a lista ao Presidente do Senado? Terá sido ele o pedinte? O demandante, o ordenante?” E ela para ter a sua tranqüilidade assegurada, porque entregou essa lista a um servidor, a um funcionário do gabinete do Sen. Arruda, recebeu a senha. Evidente que qualquer senha é cliptográfica, ela não é inteligível, no primeiro momento, e nem pode ser, porque é uma senha. E as palavras, portanto, era o código que dizia o seguinte: “Aquilo que lhe pedi está nas minhas mãos. Tranqüilize-se.”

Essa é uma comprovação. O País precisa estar alerta, a sociedade civil, as instituições democráticas têm de estar alertas, porque o próprio Sen. Antônio Carlos Magalhães, que tornou as entranhas dos problemas da Nação, via Senado, nas acusações, na disputa para a Presidência, Jáder x candidato ACM ou o seu candidato, onde já se sabe que algo aproximado a 3 bilhões de reais giram em torno dessas acusações, ele já diz que acha que não é. Está recuando sobre a necessidade de apuração dos indícios e das acusações feitas contra o Sen. Jáder Barbalho.

Eu vou concluir, Sr. Presidente, observando e agradecendo sua tolerância para o término da minha fala.

Portanto, o que está a Nação a assistir, o que estamos a assistir, na verdade, é uma tentativa de acobertamento de um grave delito que ocorreu contra a Constituição, que foi feita e forjada sobre o Presidente do Senado, o que justifica, inclusive, a fala que fiz, anteriormente, Sr. Presidente, de que o Brasil precisa repensar essa instituição. Essa instituição que foi copiada da Câmara Alta e dos lordes da Inglaterra e que não se ajusta hoje aos interesses do Brasil, aos interesses democráticos e aos interesses nacionais.

Eu vou voltar a falar sobre esse assunto, sobre a necessidade da Câmara única no Brasil e da instituição de um voto que seja direto, proporcional ao cidadão, cada cidadão é um voto, que hoje não está representado no Congresso Nacional. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações, por inversão de tempo com o Ver. Haroldo de Souza.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, trago à tribuna um fato extremamente grave, gravíssimo, ocorrido na última sexta-feira, quando entidades pretendiam fazer um simpósio sobre Direito do Trabalho, sendo um dos convidados o Ministro Almir Pazzianoto, Presidente do Tribunal Superior do Trabalho. O simpósio não pôde ser realizado. Vejam a gravidade, eu chamo a Casa para a ausência de segurança no Rio Grande do Sul, dependendo de onde parte a ação da violência. Integrantes da CUT e do Sindicato dos Metalúrgicos, pura e simplesmente, cercaram o Hotel De Ville, as portas tiveram de ser chaveadas e amarradas, houve um grande corre-corre. O Ministro Pazzianoto, que faria uma das palestras, teve que ser colocado num determinada sala do referido Hotel, cercado pelos manifestantes. Vejam a gravidade. Tentativas foram envidadas com vistas às autoridades estaduais, o Sr. Governador foi procurado, foram procuradas outras autoridades estaduais para que se pudesse realizar o simpósio. Pois bem, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não houve condições de realização do simpósio e o Ministro foi tirado do local pela Polícia Federal. Essa é uma situação insustentável. Independente da posição que se tenha, do protesto que se faça ou que se deixe de fazer, está ferido o princípio constitucional, há uma lesão ao Direito Constitucional de as pessoas se reunirem, mormente num simpósio que trataria exatamente da Justiça do Trabalho e dos sessenta anos da Justiça do Trabalho. Eu não quis trazer o assunto na homenagem que fizemos à Justiça do Trabalho por razões óbvias, para não criar, dentro da Casa, um constrangimento. É um fato extremamente grave, está havendo omissão de segurança no Rio Grade do Sul. Está aí a CPI da Segurança! Acho que, a partir desse dado, ela tem um elemento de muita significação, na mão, para grandes responsabilizações. Trata-se de um Ministro da Justiça do Trabalho, ou temos dúvidas do que ela representa para os anseios sociais e trabalhistas? Pois bem, um simpósio da Justiça do Trabalho não se realizou porque um grupo de pessoas, e os jornais dizem que foram integrantes da CUT e do Sindicato dos Metalúrgicos, pura e simplesmente não deixou sair a reunião. E mais, há quem diga que o Ministro esteve em cárcere privado, porque foi retido, Ver. Isaac Ainhorn, num canto, numa sala, e ali, durante horas, tratativas foram tentadas com as autoridades estaduais, com o Sr. Governador, com outras autoridades e, pura e simplesmente, a situação foi deixada às forças ali existentes, tendo o Ministro sido tirado às pressas pela Polícia Federal.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, quero expressar, em primeiro lugar, minha solidariedade a V. Ex.ª pela sua manifestação. V. Ex.ª enfoca um assunto que ocorreu na Cidade de Porto Alegre, é extremamente grave, tem características de aparato e de patrulha de natureza fascista. Nós estamos na semana em que se comemora a derrota do nazi-facismo e fatos como esses só restauram uma prática de natureza autoritária, fascista. Solicito, inclusive, a V. Ex.ª, que teve a iniciativa de trazer este assunto ao conhecimento desta Casa, que promova alguma moção, alguma manifestação mais concreta que expresse o conjunto desta Casa. Minha solidariedade e, tenho certeza, estou falando em nome dos meus colegas Vereadores da Bancada do PDT.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Agradeço e encerro, Sr. Presidente. Não bastasse o fato, o evento, a ação, sequer aquelas autoridades, os próprios promotores do referido simpósio, puderam realizar, em que pese tenham pedido, procurado as autoridades estaduais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): A Ver.ª Helena Bonumá está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, primeiro eu gostaria de fazer um comentário em relação à fala do Ver. Haroldo de Souza, que me parecia bastante angustiado nesta tribuna. Mas, penso que o Vereador confunde, de certa forma, as competências do Legislativo com o Executivo. E o Legislativo, numa cidade com a experiência de Orçamento Participativo como Porto Alegre tem, já há treze anos, com certeza passa também por um processo de transformação.

Então, fazemos constantemente um questionamento do nosso papel. Esta não é uma instituição que vá atravessar a história sem mudanças. E nós sofremos tensões e pressões, fruto do processo de democracia participativa que se desenvolve em nossa Cidade já há tanto tempo, e que tem sido reconhecido internacionalmente como uma forma de Governo, como uma forma de controle público sobre a gestão do Estado, como uma forma de participação efetiva da população nos rumos do seu governo e, portanto, trazendo questões à Câmara de Vereadores. Mas, a Câmara não é o Executivo e nós temos de entender que a lógica do nosso funcionamento de fiscalização e de complementar a ação do Executivo e da população de Porto Alegre, através das leis, tem critérios, está baseada no nosso Regimento, que é um Regimento democrático, que está permanentemente em aperfeiçoamento, no sentido de tornar a Câmara de Vereadores mais contemporânea da experiência que se realiza em nossa Cidade. Portanto, penso que a visão do Vereador está um pouco na contramão dessa história que nós aqui vivenciamos e que atribui, sim, novas questões à nossa Câmara de Vereadores.

Nós ouvimos também questionamentos em relação à política habitacional, em relação à segurança pública, e vivenciamos concretamente muitos problemas sociais em nossa Cidade, porque Porto Alegre não é uma ilha separada da realidade do nosso País. Ao contrário. E eu penso que o que está fazendo falta nas nossas Sessões é um bom debate sobre a realidade concreta onde esta Cidade se insere. Realidade essa determinante nas políticas que aqui desenvolvemos, determinante nos problemas que aqui acontecem. É muito importante, e nós, que temos esta tribuna, que temos a TV Câmara, que temos acesso a espaços que a maioria da população não tem, temos a obrigação de fazer esta vinculação dos problemas e questões que enfrentamos na nossa Cidade com a realidade do resto do País. No ano que vem temos eleições, e este processo vai tencionar esta Câmara. O que é que vamos disputar no ano que vem? Vamos disputar um projeto de desenvolvimento para o nosso País, vamos disputar o futuro do Brasil. E Porto Alegre tem tudo a ver com isto, é a Capital de um Estado. Portanto, não podemos refletir sobre a solução para os nossos problemas sem pensarmos que estamos num País que há mais de dez anos assumiu políticas neoliberais, que há mais de dez anos têm feito com que, através de um processo de privatização, se sucateie, se venda o patrimônio público; há cortes de investimentos nas políticas sociais, privilegiando o pagamento da dívida externa. Concretamente, vivemos opções de governos e conseqüências destas opções de governo nas condições sociais do povo brasileiro. Cadê a reforma agrária? Cadê a saúde? Cadê a habitação? Não dá para vir a esta tribuna e dizer que isto é responsabilidade e competência de um governo municipal apenas, porque este governo municipal fica no planeta Terra, fica no Brasil, fica no Estado do Rio Grande do Sul e sofre, concretamente, os instrumentos da política econômica deste Governo Federal. É necessário que a gente utilize, sim, esta tribuna para fazer uma reflexão aprofundada e para pensarmos em que medida esta situação, este contexto de miséria social que vivemos no País influencia, tira as possibilidades de um Município como o nosso.

É muito importante que verifiquemos - e o Ver. Estilac Xavier, que me antecedeu nesta tribuna, colocou muito bem - a crise política que enfrenta o Senado e o Congresso Nacional. É bom que ressaltemos que a base política conservadora, que elegeu por dois governos sucessivos Fernando Henrique Cardoso, está ruindo, está-se desarticulando, então não é à toa que um Vereador, como o Ver. Sebastião Melo, integrante do PMDB, sobe a esta tribuna querendo que o PMDB deixe de ser base de sustentação do Governo Federal. Não vai deixar de ser porque é muito comprometido com estas políticas que estão aí. Mas, o que verificamos? As oligarquias regionais, que sustentam este tipo de governo, têm perdido poder, têm perdido poder econômico e têm perdido poder político, porque o modelo é outro modelo e não se sustenta mais nesta base regional das oligarquias, que não conseguem - entre aspas - se modernizar.

As eleições municipais do ano passado saíram com uma nova geografia política que demonstra o desejo de mudança do povo brasileiro e que já não se enxerga mais possibilidades de resoluções dos principais problemas nos marcos desses governos, como os que estão aí com Fernando Henrique Cardoso.

Portanto, nós temos, sim, que mudar e afirmar, desta tribuna, que a solução dos nossos principais problemas, Ver. João Antonio Dib, - além da gestão participativa, além do Município saneado que nós somos e mais além dos grandes investimentos que fazemos nas questões sociais em parceria com a comunidade - as soluções desses problemas de fundo e de estrutura, passam, sim, por uma mudança muito profunda em nosso País, com um outro Governo, um Governo democrático e popular para o Brasil para o ano que vem. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Humberto Goulart está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. HUMBERTO GOULART: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Em primeiro lugar quero, fazer uma saudação ao dois médicos que assumiram hoje: ao Ver. Cláudio Sebenelo, médico e sociólogo, e ao Ver. Carlos Frederico Matzenbacher, ginecologista, e, para mim, é uma emoção muito grande de tê-lo - amigo desde os tempos de formação médica na Santa Casa - aqui conosco.

Hoje, os advogados, que são muitos aqui, poderão, na acirrada discussão, aumentar as suas pressões, pois temos muitos médicos para nos ajudar.

Em homenagem ao Ver. Carlos Frederico Matzenbacher, que é mastologista - um dos primeiros mastologistas com título de especialista em Porto Alegre -, eu vou falar um pouco sobre câncer de mama. Eu iria falar sobre o problema do SUS, que foi o último assunto que eu tratei aqui e pelo número de apartes que concedi, democraticamente, tive um pouco dificultada a minha exposição, quando alguém até imaginou que eu era contra o SUS e a favor da medicina privatizada. Mas a Ver.ª Sofia Cavedon não está no momento, e eu também quero, no decorrer do meu pronunciamento, contar-lhe como é que são pagos os médicos, os bravos, os guerreiros médicos do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, com um salário infinitamente menor do que o de qualquer parlamentar, em várias vezes. Enquanto ela me informava, eu fiquei até em dúvida se não estaria muito bem o salário. Então, eu vou deixar para falar sobre isso quando a Vereadora estiver aí.

Vou falar sobre mama. Imaginem os senhores que o câncer de mama é a doença que mais mata mulher no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre; é o primeiro agravo que mata mulher na idade reprodutiva. Nós poderíamos pensar que o câncer de mama fosse a primeira causa de morte de mulher de muita idade, de mulher velha; não, a principal causa de morte de mulheres entre quinze e quarenta e nove anos é o câncer de mama. E o câncer de mama, Srs. Vereadores, não tem um grande demonstrador de rastreamento como tem o câncer de colo de útero. Para o câncer de colo de útero há um exame que diz se ele vai ocorrer daqui a dois anos. Para o câncer de mama, não; ele tem um exame que diz se há nódulo na mama ou não, se esse nódulo é suspeito ou se esse nódulo não é suspeito.

Imaginem os senhores que, junto com o nosso saudoso colega – não é, Ver. Matzenbacher? -, o Júlio Chaves, nós preparamos uma política de prevenção de câncer para o Estado do Rio Grande do Sul, que culminou no Dia M, o dia da mama, o dia da mulher, o dia da mão, o dia da mãe, o dia até contra a morte. Por isso, Dia M.

O interessante do câncer de mama é que ele não tem um exame que o mostre. Então, a sua prevenção se baseia no diagnóstico o mais cedo possível. Portanto, se se fizer o diagnóstico examinando a mama, quanto menor o nódulo maior será a chance de salvar a mulher. Mas se se conseguir o diagnóstico antes da palpação, antes de palpar a glândula mamária, ou seja, por meio de um exame que mostre a presença do câncer, melhor chance se terá de salvar a mulher, dentro desse agravo que é uma tragédia. Os senhores vão saber, depois, por uma publicação que vou trazer, o número de mulheres que morrem de câncer de mama.

Então, precisamos de mamografia, mas mamografia para todas as mulheres fica complicado. Precisamos de mamografia ao menos para as principais mulheres que poderão ter esse câncer: aquelas cuja mãe teve câncer, ou a irmã, ou a tia, ou as mulheres que nunca tiveram filhos. Então, o exame é a mamografia.

Para concluir, Sr. Presidente, no Governo Estadual passado, imaginei que pudéssemos ter um mamógrafo em cada pólo do Rio Grande do Sul, em cada região. Precisaríamos de dezenove mamógrafos para que as mulheres do SUS pudessem fazer, de maneira graciosa, o exame nas suas regiões e não viessem encher os corredores do Fêmina e do Hospital Conceição. Aí, disse-me o meu chefe imediato, dentro do Governo: “Dr. Goulart, mas em quanto importaria esses mamógrafos? Dezenove mamógrafos?” Eu respondi-lhe: “Em torno de 800 ou 900 mil reais”. Diz ele: “Não, mas nem vamos propor isso, porque os governos estão passando dificuldades, nós não podemos propor isso para os Governos!” Aí eu disse: “Desculpe-me, mas essa é a proposta que tínhamos, os mamógrafos de Porto Alegre e algum mamógrafo do SUS em outra parte do Rio Grande do Sul.” Fiquei até com vergonha de ter proposto dezenove mamógrafos, porque os governos são muito “pobrezinhos”, fiquei com pena dos governos e me recolhi. Três dias depois, eu abro o jornal e vejo: “Governo dá para a GM 280 milhões!”

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Humberto Goulart, só para dizer da importância do seu pronunciamento e, principalmente, essa atitude de saúde pública primordial. Inclusive, estamos gestionando junto à Secretaria Municipal do Planejamento, a compra de um mamógrafo que seja itinerante e que resolva parte desse problema, de iniciativa do Instituto da Mama, da Dr.ª Maira Caleffi. Quero dizer-lhe que a oportunidade do seu pronunciamento, a importância do seu pronunciamento e, mais do que isso, as conseqüências do seu pronunciamento devem ser a sensibilização das autoridades em relação aos problemas mais graves de saúde pública que temos, neste momento, no Rio Grande do Sul.

Meus parabéns, Dr. Humberto Goulart.

 

 O SR. HUMBERTO GOULART: Obrigado, Ver. Cláudio Sebenelo. Quando falamos em um assunto importante desses, cinco minutos é muito pouco, meu Presidente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Casa ainda vive um processo de adequação a seus trabalhos parlamentares. Algumas inquietudes são extremamente interessantes e revelam a disposição dos Vereadores de agirem, de realizarem e alcançarem, através do seu mandato parlamentar, a plena aspiração daquilo que se propuseram durante o processo eleitoral.

Há alguns dias, eu ouvi uma manifestação positiva, interessante, do Presidente desta Casa, ao assumir a Prefeitura da Cidade, dizendo que é necessário saber conviver democraticamente. E colocava que, a população de Porto Alegre, ao mesmo tempo em que elegia o Prefeito do PT, no segundo turno, Sr. Tarso Genro, conferia uma ampla maioria oposicionista no Legislativo Municipal, buscando dessa forma estabelecer um equilíbrio. Sim, é verdade. E eu tenho lutado, e a minha Bancada tem procurado aqui nesta Casa agir, em relação aos projetos maiores, de forma conjunta, comuma ação conjunta. Surpreendem-me as tentativas sistemáticas do PT, que é tão cioso na homogeinização das suas posições que traz aqui, mesmo nós sabendo que as divergências são grandes, mas dentro de um fórum democrático a Bancada do PT dá exemplo, porque ela vem e vota. Muitas vezes, o Ver. Adeli Sell é um exemplo disso, ele se violenta, muitas vezes, Ver. Ervino Besson, mas vota fechado com as deliberações da bancada petista. Agora, não sei quem deu esta informação ao colunista do Correio do Povo, esta figura extremamente preparada e bem- informada, Armando Burd, de que a bancada governista da Câmara de Porto Alegre está tranqüila e, mesmo minoritária, acha que aprovará o que quiser. A Bancada do PT, nesta Casa, se acha que está tão tranqüila com relação a aprovar o que quiser - aliás, o Ver. Adeli Sell já me disse isso -, eu não tenho essa convicção. Por isso, eu respeito as inquietudes do Ver. Haroldo de Souza que veio com o compromisso do mandato e, muitas vezes, é cobrado por uma patrulha ideológica que pretende bloquear a sua visão de Vereador e da ação efetiva de objetivos junto à municipalidade, a realização dos seus projetos e de uma ação mais enxuta aqui nesta Casa. É verdade, eu sinto a inquietude dessa manifestação, porque nós não podemos nos encaminhar para uma visão profissionalista de política. Cada um de nós tem uma ação fora do parlamento e somos homens que desempenhamos funções e aqui, notadamente, desempenhamos a nossa. Agora, a quem passou essa informação de que a bancada governista na Câmara está tranqüila, mesmo minoritária, achando que aprovará o que quiser, eu quero lembrar que é um ledo engano, alerto que estão equivocados, e já vou de antemão dizer que tenho a convicção de que aqui nesta Casa, com vinte e um Vereadores de oposição, não passará a estratégia de atropelar as coisas, notadamente em relação a questões tributárias, notadamente em relação às articulações de natureza tributária. Se isso acontecer, eu serei o primeiro a cobrar e até reconhecer que a Bancada do PT está tranqüila.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero dizer a V. Ex.ª que eu não estou me violentando, quando tenho diferenças, eu faço o que o Regimento permite, ou seja, declaração de votos. A nossa Bancada está tranqüila, porque ela ouve o clamor da Cidade, e as urnas não disseram que aqui há uma maioria oposicionista, e elegeu trinta e três Vereadores.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Eu se fosse V. Ex.ª, a partir deste momento, não ficava tão tranqüilo, até porque V. Ex.ª e a sua administração não estão resolvendo os problemas fundamentais da Cidade, estão fazendo muita retórica e muito marketing de aparição na mídia. Ação concreta, vide a situação de alagamentos na Cidade de Porto Alegre. Só dou esse exemplo. E quero encerrar, dizendo que, se a Bancada do PT está tranqüila porque vai tratoriar a oposição aprovando seus Projetos, encontrará em mim - e tenho a convicção de que na Bancada do PDT e nas demais bancadas oposicionistas - um freio a essa ação tratoriadora que pretende realizar, aprovando o que quer aqui dentro da Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, alguns Vereadores desta Casa se aborrecem porque sou repetitivo. Sempre digo que chega de leis, que as que temos são suficientes, basta que sejam cumpridas. E aqui fazemos leis e mais leis, e não há preocupação com o cumprimento da lei.

Em 1994, eu tomei conhecimento de que a Prefeitura comprara um prédio na Rua dos Andradas sem autorização legislativa. Um prédio que foi escriturado, dizendo que tinha dezesseis pavimentos, e tem quinze, um prédio que foi escriturado e não diz qual a área do prédio, um prédio que teve um parcelamento da dívida e não foi autorizado pelo Legislativo. Mas eu dizia que o Legislativo deveria aprovar a compra do prédio. A Comissão de Justiça disse que não. Mas o Plenário, votando, afirmou que tinha de passar pelo Legislativo a autorização para a compra do prédio. Essa compra do prédio da Rua dos Andradas, de escritura sui generis, foi ao Tribunal de Contas. As contas do Prefeito Tarso Genro de 1993 foram aprovadas, as de 1995 foram aprovadas e as de 1994 ficaram penduradas por muito tempo e, agora, também foram aprovadas. O Ver. Adeli Sell deu graças a Deus que aprovaram as contas do Prefeito, porque podiam não ter aprovado, mas ficou difícil explicar ao Tribunal de Contas. E nem a mim o Tribunal, com um processo desta altura - eu mostrei aqui -, explicou corretamente se podia ou não podia comprar.

Em dezembro de 1999, a Prefeitura, sempre desrespeitando o Legislativo - o Executivo sempre desrespeitando o Legislativo -, comprou um prédio na rua Jerônimo Coelho com a Marechal Floriano, e fez esta compra sem autorização legislativa. Ora, eu nunca vi uma compra de um prédio pelo Poder Público e o prédio estar penhorado. Há coisas esquisitas por demais, e a Sr.ª Leni Beatriz Schimidt vem reclamando desde então para a Prefeitura. O prédio estava penhorado para o Banco de Crédito Nacional. A Sr.ª Leni tinha interesses na venda deste prédio, porque ela tinha créditos a receber, também, e, agora a Prefeitura não a atende. Ela esteve, hoje, comigo, trazendo a sua documentação, que também está na Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor. O Ver. João Bosco Vaz me informou que vai convidar a dona Leni para depor. Eu achava, Ver. João Bosco Vaz, interessante que, na mesma oportunidade, fosse convocado, convidado o Secretário da Fazenda e o Procurador-Geral do Município para que se possa definitivamente saber como a Prefeitura comprou um prédio que estava penhorado. Foi pagando por conta e o prédio estava penhorado. Até hoje estão decidindo na Justiça se paga ou não paga, se deve ou não deve, se está penhorado ou não está penhorado. Se fosse cumprido o que a Câmara decidiu e passado no Legislativo nós teríamos verificado: está penhorado, acerta a penhora e depois compra. Eu até acho estranho: por que a Prefeitura não decretou utilidade pública para a desapropriação? Disse que queria fazer uma escola. Poderia. Por que não fez isso? Ela fez uma simples compra.

É estranho o Poder Executivo em relação ao Poder Legislativo. E é por isso que acontecem essas barbaridades: uma escritura onde diz dezesseis pavimentos e há quinze, uma escritura que não diz a área de prédio escriturado, uma escritura que não dá nem a área do terreno. Só diz, essa da Rua da Praia, nº 656 - se não estou equivocado - entrada principal, e nº 648, ou coisa que o valha, pelas lojas. E para que instalasse a sua secretaria naquele prédio, praticamente demoliu internamente todo o prédio. E a Câmara ficou esperando que viesse um pedido de autorização. É só ler a Constituição Estadual que diz que deve o Governador adquirir prédios ou imóveis com autorização legislativa. E aqui o Prefeito está acima, como as cartas-contrato, Ver. João Bosco Vaz. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Carlos Matzenbacher está com a palavra, de acordo com o art. 12, IX, § 7º e dispõe de cinco minutos permitidos pelo Regimento por assumir a vereança pela primeira vez nesta Legislatura.

 

O SR. CARLOS MATZENBACHER: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores. Regimentalmente tenho o direito de usar cinco minutos nesta tribuna por ser, nesta Legislatura, a primeira vez que assumo, em substituição ao Ver. Antonio Hohlfeldt, que está licenciado.

Em primeiro lugar, eu queria agradecer as palavras simpáticas do Ver. Humberto Goulart, uma pessoa com quem tenho a oportunidade de conviver há muito anos, não só como médico, mas também agora desenvolvendo um trabalho de assessoria parlamentar no gabinete do Vereador.

Eu gostaria, também, de dirigir a palavra aos espectadores da TV Câmara que, certamente, hoje, vivem um momento de muita angústia ao sintonizarem outros canais e depararem com sucessivas histórias de corrupção, problemas que levam à instauração de CPIs, denúncias sempre envolvendo o nome de políticos conhecidos. É muito duro para o cidadão que desenvolve um trabalho na comunidade, seja na atividade médica profissional - a qual eu desenvolvo há mais de trinta anos - ou como jornalista que sou há quinze anos e nesta atividade conhecido pelo meu trabalho. Assumir uma postura política, enfrentar um pleito, muitas vezes concorrer contra - por assim dizer - profissionais da área, emprestar o nome a um partido - no meu caso uma coligação - e enfrentar a dura realidade de sermos políticos malvistos pela população.

Por isso falo, aos Srs. Vereadores, que são pessoas queridas, honradas, honestas - todos aqui da Câmara Municipal de Porto Alegre -, mas falo também aos telespectadores que é uma tarefa difícil participar, neste momento político, quando os nomes dos nossos políticos são envolvidos em questões de corrupção. Eu cito uma frase - que não é minha - bastante conhecida: “ O grande ônus que o cidadão comum paga por não ser envolvido em política é ser governado por maus políticos.” Certamente não é isto que acontece na Câmara de Porto Alegre.

Então, Sr. Presidente, gostaria de dispor desses cinco minutos - nem vou esgotá-los - para agradecer aos eleitores que, mais uma vez, confiaram em meu nome, dando-me a condição de Vereador Suplente, o que me permitiu hoje, pela primeira vez nesta Legislatura, assumir e defender os interesses da coletividade de Porto Alegre.

Quero reconhecer, na presença de todos os Vereadores que me saudaram de uma maneira tão fraternal e cordial, esta simpática acolhida e dizer que isso me comove e me deixa muito engrandecido.

Finalmente, dentro desta primeira alocução do Ver. Humberto Goulart de que hoje somos três médicos - ao lado do Ver. Cláudio Sebenelo e do próprio Ver. Humberto Goulart - quero dizer que a medicina não tem partido. Aqueles Vereadores - como é o caso dos companheiros Ver. Humberto Goulart e Ver. Cláudio Sebenelo que estão aqui para defender os interesses da saúde da população - vão encontrar em mim um parceiro. Eu não tenho, neste momento, nenhuma legenda política a não ser a política da saúde, que estou aqui para defender. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Ver. Ervino Besson, Presidente dos trabalhos em exercício, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, Senhoras e Senhores, queria saudar inicialmente, em nome do Partido Trabalhista Brasileiro - já que na Tribuna Popular esteve aqui - a Associação Nacional dos Veteranos da FEB Regional Porto Alegre, que representou o Brasil com muito heroísmo. Também quero saudar a chegada a esta Casa do Ver. Carlos Matzenbacher e do Ver. Cláudio Sebenelo, nossos amigos: sejam bem-vindos a esta Casa, mais uma vez.

Na data de 1º de maio, a Justiça do Trabalho completou sessenta anos de atividades. Quero manifestar a minha admiração pelo extraordinário trabalho desenvolvido ao longo desses anos, procurando sempre demonstrar dignidade, eqüidade, transparência e, sobretudo, a verdadeira justiça tão necessária à nossa sociedade. Neste momento, externo as minhas efusivas felicitações por esse importante marco, principalmente no equilíbrio entre o capital e o trabalho, coisas que nós do PTB, Partido Trabalhista Brasileiro, sabemos bem o quanto são importantes.

O Ver. Adeli Sell, aqui, relatou a sua preocupação - é a mesma nossa, Ver. Adeli Sell - com o Centro, e o amigo sabe - é comerciante, até fiz uma brincadeira - que os seus livros estão mais caros do que aqueles que são contrabandeados, roubados, etc. É uma preocupação. Eu acho que no Centro precisamos realmente fazer uma parceria muito grande com a sociedade, com o Estado, com a Polícia Federal, para recuperarmos realmente o nosso Centro para o comércio, para as famílias. Mas fico preocupado, Ver. Adeli Sell, quando o Consultor Luiz Eduardo Salles quer e admite a legalização das drogas. Eu fico preocupado porque - eu que pratiquei esportes a vida inteira - sei, até pelas pessoas que transitam nessa área perigosa, do prejuízo que traz à nossa sociedade o tráfico de drogas. Então, na realidade, o Centro é o nosso cartão postal, que está sujo, que está feio, que traz preocupação a nossa sociedade.

Quero, também, aqui aproveitar a oportunidade, já que o Ver. Estilac Xavier, Líder do PT se preocupou, eu também estou preocupado com a situação no Senado Brasileiro. Antes tínhamos Sen. Antônio Carlos Magalhães, ex-Presidente do Senado, agora no banco de réus. Mas temos o atual também com graves acusações que preocupam a Nação Brasileira, Sen. Jáder Barbalho. Parece-me que novamente tudo terminará em pizza. Estou sentindo que a coisa está esfriando. Infelizmente, isso prejudica a imagem do bom político.

Eu tenho a preocupação de que aqueles que enriquecem pela política, realmente só podem fazer falcatruas, pois enriquecer na política só pode ser por outros caminhos e não pelo lado salarial. Nós ficamos preocupados, porque isso nivela por baixo e traz a preocupação.

Fiquei preocupado também com a invasão do Hotel De Ville, onde ocorreu o Simpósio, e o palestrante seria o nosso Ministro do TST Almir Pazzianoto. Parece que, às vezes, não temos na democracia brasileira a liberdade de expressão. Imagine, Ver. Reginaldo Pujol, num recinto fechado, num hotel - imagine na rua – que ia ocorrer o evento, onde o nosso Ministro do Superior Tribunal do Trabalho ia dar uma palestra e não pôde se expressar abertamente para a sociedade brasileira. É lamentável essa situação.

Também a nossa preocupação, como a do Ver. Haroldo de Souza, e tenho certeza, como Líder, que vamos nos reunir para que possamos agilizar mais os trabalhos da Casa, com bom senso, com tranqüilidade. Já há um Projeto, do qual sou relator, da diminuição do recesso parlamentar, Projeto do Ver. João Dib e sua Bancada, do qual tenho a honra de ser o relator, onde propusemos a diminuição do recesso parlamentar, para que possamos ter um trabalho mais ágil nesta Casa, porque, às vezes, Ver. Isaac Ainhorn, ele se torna cansativo, preocupante. E nós que somos mais jovens aqui na Casa queremos ajudar, colaborar no sentido de agilizarmos o processo das Comissões, do Grande Expediente, da Pauta, da Ordem do Dia. E, portanto, fique tranqüilo, Ver. Isaac Ainhorn, que a Bancada do PTB, deste Líder, Ver. Haroldo de Souza e Ver. Elói Guimarães....

O PT diz que vai massacrar, se for para o bem do povo, acredito que sim, mas impostos não. Está-se se falando de imposto territorial urbano progressivo, a Bancada do PTB já tem uma posição muito clara, não se posicionará a favor de aumento, porque o povo quer o aumento de colaboração do Executivo para solucionar o problema dos alagamentos, do lixo, da limpeza das praças, da limpeza da nossa sociedade. Acredito que não seja o momento de pensarmos em aumento de impostos, o Poder Executivo deve prestar mais serviço à sociedade em troca do IPTU que é muito alto, como também é alto o percentual com que o povo de Porto Alegre colabora em relação a outras regiões da Federação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Humberto Goulart está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HUMBERTO GOULART: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Líder da minha Bancada achou importante que eu continuasse a orientação sobre o câncer de mama, que é a doença que mais mata mulher no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre. Dizia o nobre Ver. Cláudio Sebenelo que uma ONG vai ter um mamógrafo itinerante, que passará em diversos locais para fazer a mamografia das mulheres. Eu pensava que bom, mas que seja mais isso, mais a ONG, porque nós temos que ter essa preocupação, principalmente dentro do SUS, principalmente dentro da política de municipalização. Nós temos que ter mais mamógrafos aqui, muito mais. Esse é um assunto sobre o qual se fala pouco, porque demanda muito trabalho e dinheiro. O meu gabinete está acabando de redigir uma Emenda que vamos fazer ao Plurianual para garantir uma verba para a saúde, especificamente em relação ao agravo que mais mata mulheres no Rio Grande do Sul. Nós já estamos preocupados com isso.

O Ver. Nereu D’Avila, meu Líder, perguntava-me: “Goulart, é que o câncer de mama apavora muito as mulheres!” Sim, apavora as mulheres porque, além de falar em morte, além de falar em câncer, além de falar em grande cirurgia, fala em quimioterapia, fala em mutilação, fala em radioterapia, fala em atacar o grande símbolo de vida, que é a amamentação, o grande símbolo de feminilidade, da beleza, que é a mama. Como vocês vêem, quase todos os grande outdoors, no Brasil, eles privilegiam muito outra parte do corpo, mas no mundo inteiro se privilegiam as mamas das mulheres como símbolo de feminilidade, de beleza e de fecundidade. Tudo isto está no inconsciente coletivo das mulheres!

Mas, agora, o que se pode trazer como mensagem de importância, para que os Vereadores dêem, também, importância para isso? O câncer de mama, agora, se identificado no início, se for bem pequeno, se for menor do que uma azeitona, se for do tamanho de uma azeitona, até um pouquinho maior, ele não mais causa mutilação, não é, Ver. Matzenbacher? Existem cirurgias conservadoras em que se tira só a região ao redor do tumor, esvazia a axila, faz quimio e radioterapia e a mulher mantém a sua glândula mamária e poderá se salvar, Ver. Braz. Então, acho que nos próximos momentos vou dar muita importância, depois que eu fizer a grande discussão do SUS, para o câncer de mama.

É proibido morrer de câncer de cólon, mas também temos que dizer que as mulheres que se palparem e sentirem o nódulo, elas têm que ter aberta a porta do SUS para poderem resolver o seu problema. Não adianta só falar aqui que o agravo mata, como falaram ainda há pouco que o câncer de laringe era o campeão de mortalidade no Brasil. Quando eu perguntei para as pessoas que nos traziam essa informação, onde se pode consultar quando se tem rouquidão de mais de quinze dias, elas me responderam: “Não sei, doutor!” A quem veio nos trazer informação, naquele dia, eu me manifestei e disse: “Na mama, não pode ser assim!” O Município deve estar apto a resolver problemas de mamas, porque é uma epidemia. Nesta Cidade, o Município tem que estar apto a ir atrás da necessidade sentida. Uma mulher que se palpa, encontrando um nódulo, ela tem que ter assegurado, no mesmo dia da palpação, o seu exame.

Trarei um projeto para ser levado ao Secretário da Saúde para que mulher, na Cidade em que mais se morre por esse agravo, tenha garantido o seu direito. Muito obrigado, meu Líder, por me permitir este momento. Novamente faço uma saudação ao Cláudio Sebenelo e ao Mastologista Matzenbacher.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES (Questão de Ordem): Sr. Presidente, solicito que V. Ex.ª tome providências e responda a este Vereador. Estou informado que o serviço responsável pela redação jornalística da Casa, a partir de um determinado momento, como hoje, deixa de registrar as manifestações e pronunciamentos da Casa. Eu gostaria que V. Ex.ª verificasse se isso efetivamente ocorre, como está ocorrendo hoje, segundo informações, e tome, por parte da Mesa, as providências que se impõem, porque, do contrário, Vereadores estarão sendo prejudicados. Ou seja, aqueles que de um determinado momento em diante fazem pronunciamentos não têm o devido registro para veiculação nos meios de comunicação. Não estou afirmando que isso está ocorrendo, mas foi a informação que recebi e peço que V. Ex.ª tome as providências hoje e daqui para frente.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Ver. Elói Guimarães, é oportuna a sua Questão de Ordem. Esta Mesa responderá a V. Ex.ª ainda no dia de hoje.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, hoje, apesar de não termos ainda votado nenhum Projeto nesta Sessão, Ver. Haroldo de Souza, esta Câmara de Vereadores já produziu algum trabalho em prol da sociedade que aqui representa. Eu vou citar um. Hoje pela manhã, o Ver. Humberto Goulart, foi, em comissão, juntamente com outros Vereadores, visitar alguns locais da Cidade, a fim de que pudéssemos votar com maior tranqüilidade nesta Casa a possibilidade de uma pista de eventos. E o Vereador Humberto Goulart tem uma série de preocupações particulares. Sua casa quase foi invadida; ele precisou reagir aos invasores, mas mesmo assim a preocupação do Vereador está voltada para a Cidade. Eu ouvia o Ver. Haroldo de Souza, que fez um pronunciamento vibrante. Eu que sou fã do Haroldo vi que ele estava na linha absolutamente correta. Temos que, talvez, fazer algumas modificações no rito empregado para as Sessões desta Casa, a fim de que possamos ter mais trabalho. Ouvi o Ver. Estilac Xavier, liderança maior da bancada petista, e o Ver Estilac estava muito preocupado com os problemas de Brasília, e fez a intervenção falando sobre assuntos de Brasília. Eu estava acompanhando o pronunciamento do Ver. Estilac Xavier, já que tenho admiração por sua sensibilidade. Mas, aqui bem próximo de nós - e este foi um tema que tratei do final de semana para cá - existem quatro mil famílias, que estão praticamente abandonadas, tomando água do Guaíba, sendo que a água do DMAE está muito próxima das casas das famílias, a, mais ou menos, 400m de distância, e era só o DMAE colocar os canos para que a água chegasse até as famílias da Ilha Grande dos Marinheiros. Mas, o DMAE diz que não pode colocar estes canos para favorecer estas famílias porque os ambientalistas - e aí entra o meu amigo Ver. Beto Moesch, da Bancada do PPB -, ... existe um decreto do Governador Olívio Dutra que proíbe qualquer intervenção, hoje, naquela região do delta. Mas, imaginem V. Ex.ªs que ali, próximo àquelas famílias bem pobres, pescadores, catadores de lixo, que tomam água do Guaíba, porque o DMAE não pode colocar os canos para levar água até estes pescadores, até estes catadores de lixo, separados por alguns metros vivem algumas famílias das mais ricas que temos em nosso Estado, na nossa região, em algumas mansões que possuem água levada pelos canos do DMAE, e com rede de luz da CEEE, que vai lá para servir a estes milionários. Então, perguntei e fiz questão de confirmar: qual a diferença entre estas famílias ricas, que recebem água do DMAE, recebem luz elétrica, e aquelas famílias pobres, de pescadores, que ali estão e que têm que tomar água do Guaíba, uma família vivendo praticamente ao lado da outra? O que é que separa uma família da outra? Será que é o poder aquisitivo, a riqueza que separa um dos outros? Recebi a explicação de que aqueles milionários fizeram este trabalho de pegar água do DMAE antes de surgir a proibição. Vejam bem, há algumas famílias, que vivem naquela ilha há cerca de setenta anos. Será que essas famílias já não adquiriram o direito, ou será que elas não são tão iguais às outras famílias que podem captar água? Nós estamos à frente de uma inconstitucionalidade, porque o artigo 5º da nossa Constituição diz: “Todos são iguais...”, ou deveriam ser iguais.

Isso não é uma crítica ao Governo do PT, mas a todos os governos que passaram pela Prefeitura Municipal e não conseguiram corrigir esse problema. Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª sabe que sou seu admirador e sabe muito bem que todas as vezes que posso vir aqui e elogiar V. Ex.ª pelo trabalho que faz pelo nosso Município, eu o faço. V. Ex.ª que já foi Prefeito desta Cidade, vejo que este Vereador também cometeu falhas, porque, quando passou pela Prefeitura, não conseguiu corrigir esse, que acredito, ser um crime contra a humanidade: deixar quatro mil famílias tomando água do Guaíba. E com a Administração petista, que já completou doze anos e já vai para dezesseis anos, o erro continua, só porque há um Decreto do Sr. Governador do Estado, Sr. Olívio Dutra, que proíbe, hoje, qualquer intervenção naquela área do delta do Jacuí.

Eu acho que está na hora de nós corrigirmos tudo isso. Eu penso que o meio ambiente é extremamente importante, mas aquelas quatro mil famílias que vivem ali também devem ser tratadas como pessoas muito importantes e que merecem, no mínimo, o direito de tomar água tratada pelo DMAE. Não podemos permitir que essas famílias sejam tratadas da forma como estão sendo tratadas hoje.

Mais uma vez eu vou repetir, não é apenas uma crítica ao Governo petista - muito embora o PT já tenha doze anos na Prefeitura Municipal e teria tido tempo suficiente para corrigir esse problema -, mas uma crítica que eu faço a todos os Governos dos últimos tempos que não foram capazes de corrigir esse problema que eu acredito ser muito grave e para o qual eu peço ajuda dos companheiros desta Casa para que possamos, realmente, corrigir essa diferença entre pobres e ricos, numa região bem próxima de nós, na Ilha Grande dos Marinheiros, onde os pobres são tratados de maneira diferente dos ricos que vivem no mesmo local. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero dizer a V. Ex.ª, Ver. Haroldo de Souza, que nem sempre é preciso votar leis, que até talvez seja melhor que não se votem mais leis, leis e mais leis. Veja V. Ex.ª que nós estamos tratando de um problema extremamente importante: a mentira do DMAE, que diz abastecer a população em 99,5%. Só a Ilha das Flores já prova que há meio por cento lá. E as outras ilhas que também não têm água fazem o Ver. Luiz Braz se queixar dos governos anteriores. Mas nós não mentíamos! Nós chegávamos a 96, 97% e tínhamos que manter aquilo, com tarifas diferentes das que estão sendo aplicadas hoje. Muito diferentes, muito abaixo, nunca colocando sobre elas a inflação! E nunca o Prefeito teve de ser advertido, como foi o Prefeito Olívio Dutra, por colocar valores acima dos permitidos em lei. Nós sempre estivemos abaixo da inflação, mas fizemos com que o abastecimento da Cidade fosse crescendo. Só que a Cidade crescia mais rapidamente do que os recursos que nós tínhamos. É só olhar a minha bíblia petista, que mostra que os recursos que nós tínhamos eram muito inferiores aos atuais.

Eu fico tranqüilo: nós fizemos o que era possível. Não fizemos publicidade, não usamos o dinheiro da publicidade para dizer que a Cidade até era abastecida por esgoto. Eu fiquei profundamente triste quando o meu DMAE enfiou nas páginas dos jornais dizendo que abastecia a população com esgoto. Graças a Deus, no meu tempo, só se abastecia com água tratada e levávamos o que era possível. Mas é estranho, nobre Vereador, e o Ver. Haroldo de Souza também ajudou a aprovar um Projeto de Lei abrindo crédito especial para obras sociais na Ilha dos Marinheiros. Por que não a água? Eu sei que é o Parque do Delta do Jacuí, eu sei que os ambientalistas têm restrições, mas, aquela população está lá. Acredito que eles não são do PT, porque se fossem já tinham direito real de uso, que é uma desonestidade que a Prefeitura pratica com muita freqüência.

Por falar em desonestidade, que a Prefeitura pratica com muita freqüência, hoje, recebi um e-mail e como todas as pessoas que me procuram recebem resposta.

“Prezado João Dib. Meu irmão é um dos aprovados em concurso público para o cargo de Técnico em Enfermagem. Profissional qualificado, experiente e, acima de tudo, pessoa de conduta ilibada. Está no aguardo de uma oportunidade de ingressar, efetivamente, como Técnico em Enfermagem no serviço público. Gostaria de saber se o ilustre político, com a sua vasta experiência, tem condições de informar-me se estaria ocorrendo dentro dos trâmites de recursos humanos da Prefeitura algum artifício de contratação que poderia estar prejudicando um posterior chamamento do meu irmão, legitimamente aprovado em concurso público. Se estão ocorrendo contratações que não sejam através de concurso público para o cargo em questão. Então eu, como cidadão de Porto Alegre, gostaria de saber quais os critérios que estão sendo utilizados e se existe suporte legal para tal conduta.”

A Prefeitura está fazendo contratação na forma da Lei nº 7770, e já fez isso várias vezes e o ex-Prefeito Raul Jorge Anglada Pont está na Justiça e está unanimemente aceito pelo Tribunal, já foi retirado da 4ª Vara, porque lá era para Prefeito e ele é ex-Prefeito. O Prefeito de Sapucaia do Sul foi condenado, agora, recentemente, sentença confirmada, porque fazia cartas-contrato sem autorização legislativa.

O Governo do Estado, hoje, acertou com as lideranças da oposição para permitir que se votasse a contratação de pessoas para atender os problemas da aftosa que dizem de perto a toda a economia do Rio Grande. Lá o Legislativo é respeitado; aqui é desrespeitado.

Eu estou com um pedido de informações, já que fiz um pronunciamento no final do mês passado, quero saber onde está amparado. Por que se ele está chamando cartas-contrato, não chama aqueles que são concursados? Tem vagas. Nós criamos as vagas dentro da necessidade proposta pela Prefeitura Municipal, e essas contratações se enquadram na Lei de Responsabilidade Fiscal? Há tantas coisas para a Prefeitura responder, mas ela prefere fazer publicidade, e publicidade como esta: “Noventa e nove e meio por cento da população é abastecida com água tratada.” Mentira das mentiras que eu gostaria que fosse verdade. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de fato talvez tenhamos que fazer uma reflexão profunda sobre o funcionamento desta Casa, aprofundando aquilo que o Presidente Fernando Záchia já tem como deliberação e que tem o nosso apoio pelo fato de termos votado e sermos responsáveis pela condução político-administrativa desta Casa, pelo acordo que levou o Presidente à composição da Mesa. Isso vai requerer, primeiro que se use a tribuna com um senso de seriedade, não que ninguém faça, mas eu quero reafirmar isso, porque é um propósito de todos. Temos que pensar também qual é o papel dos Vereadores aqui. O papel do Vereador - e esse é um debate que nós temos colocado bastante na CCJ - é de fiscalizador, é de propor legislações dentro da sua competência e de emendar projetos vindos do Executivo. Eu sei que há divergências profundas sobre autorias e iniciativas, inclusive o Ver. Luiz Braz é um dos que defende a expansão, e nós somos um dos que tem uma visão diversa e vamos debater sobre isso, porque senão vai causar uma certa impressão para a sociedade, primeiro de que aqui nós executamos. Nós não executamos, fiscalizamos e legislamos. Legislamos e fiscalizamos. Penso que se legisla demais; inclusive, se faz leis demais. Até sugeri, esses dias, na fala do Ver. Sebastião Melo, que se fizesse de fato uma análise geral da legislação existente na Casa, para podermos saber o que tem vigendo ou não, hoje. Mas eu não quero me associar à intervenção do Ver. João Antonio Dib, porque tenho uma contrariedade com o Ver. João Antonio Dib. O Ver. João Antonio Dib é um homem de vida pública exemplar. Mas o que não me agrada na sua intervenção, quando vem à tribuna? É que ele faz julgamento e juízos éticos e de valor sobre as atitudes administrativas. Isso é um ponto que temos de diferença. O Ver. João Antonio Dib quando veio aqui se indispôs com as contratações, com os concursos dos técnicos, ele abre dizendo: “É desonesto.” Quando temos uma avaliação e uma visão sobre como se afaz aplicação da Lei do Direito Real de Uso, que trata isso como elemento que diz respeito a infra-estrutura, como sendo a base, e estanca aí a posição do que é área urbanizada, ele diz que nós não somos honestos, quando entendemos que a parte da habitação inclui a urbanização. O Ver. João Antonio Dib, quanto à legislação - e ele fala do ex-Prefeito Barbosa, de Sapucaia, condenado, diz -: “A condenação mostra que aqui também haverá condenações.” Só que quando a lei e a justiça e os tribunais deliberam contra o Ver. João Antonio Dib, ele aqui impropera esses resultados, permanentemente. E eu quero lembrar que é o caso, inclusive, do Planetário, que o Ver. João Antonio Dib foi à Justiça consignar a sua indisposição. E ele perdeu. E como um cidadão consciente ele deveria fazer o quê? Deveria dizer: “Registro o meu protesto, está errado, mas me submeto a essa decisão do Judiciário. Não o fez. E a área não era urbanizada. Mas quero relatar essa minha diferença, e ao mesmo tempo louvar o respeito que tenho à conduta e aos méritos que o Ver. João Antonio Dib estabelece nesta Casa, nos seus debates, que são sérios

Queria consignar essa diferença. E queria falar um pouco sobre o delta do Jacuí, Ver. Luiz Braz. V. Ex.ª fez uma manifestação que quero dialogar. Primeiro, a Ilha da Pintada, toda ela está com água, pertence ao delta do Jacuí. A Ilha dos Marinheiros, a Ilha da Flores e a Pavão, não tem água, mas isso não quer dizer que as pessoas bebam água do Jacuí, é esta a primeira questão. Elas são servidas regularmente por carros-pipa. E o DMAE só não lança as redes naquela região porque lá existe um tal de PLANDEL, Plano Diretor de Desenvolvimento do Delta do Jacuí, que determina que aquela área não é para se fazer habitação. É uma área alagável, sujeita a cheias, as pessoas não deveriam ocupá-la, mas os governos passados, Ver. Luiz Braz, permitiram a ocupação desregrada daquela região. Eu vou dizer mais: o Plano que determina isso será pela primeira vez revisado; o Governador Olívio Dutra vai revisar porque reconhece a situação de fato, que já tem mais de vinte anos. Portanto, não tem origem - e este é o diálogo e a correção que eu gostaria de fazer - não tem origem no Executivo atual, e que aliás é o contrário, reconhecendo o problema tenta modificá-lo, tal como já fez na Ilha da Pintada, quando começou a fazer as primeiras implantações de vias urbanas ali, o que não havia antes.

Quero dizer que o DMAE vai colocar água sim, assim que houver a revisão dessa Legislação que há  a mais de vinte anos e que constitui o PLANDEL, Plano Diretor de Desenvolvimento do Delta do Jacuí. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Esta Mesa queria comunicar ao Plenário que para a honra desta Casa, a Ver.ª Maristela Maffei e a Ver.ª Maria Celeste serão hoje homenageadas pela Associação Cristã de Moços de Porto Alegre, na Assembléia Legislativa, com o Troféu Mãe Destaque, no ano em que a ACM completa cem anos. É uma homenagem às mães que se destacam na sociedade porto-alegrense. Esta Presidência fica honrada em presidir duas mães homenageadas. (Palmas.)

Esta Presidência comunica também que a Câmara Municipal de Porto Alegre convida os Srs. e Sr.ªs Vereadores e os servidores desta Casa para participarem da missa a ser celebrada, dia 08 de maio, portanto, amanhã, às 16h30min, na Capela Ecumênica desta Câmara, dentro das comemorações do Dia das Mães.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ (Requerimento): A proposta é que, para a continuidade dos trabalhos, já foram consultadas algumas Lideranças, invertamos a ordem, passando a Pauta para depois e entremos, agora, na Ordem do Dia, entrando na votação do Projeto de Decreto Legislativo, que é a viagem do Prefeito e dos Vereadores de Porto Alegre a Buenos Aires. E posteriormente o Plenário discute o que seguirá na Ordem do Dia.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Como a Vereadora me consultou e agora disse que foram consultadas algumas Lideranças, eu me incluo, mas não foi exatamente com isso que eu concordei. Eu só concordo com a inversão que foi proposta pela Vereadora se somente a viagem do Prefeito, por absoluta prioridade, for considerada. Depois, retorna à Pauta. Senão, eu não concordo. Isso não quer dizer que o Plenário concorde comigo, eu não estou pautando ninguém. Estou dizendo o que eu combinei.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): V. Ex.ª reafirma a parte.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: É o mesmo procedimento da Bancada do PTB. O que nós acertamos foi a viagem do Prefeito e depois os requerimentos.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): É diferente. A posição do Ver. Cassiá Carpes é diferente da posição do Ver. Nereu D’Avila.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Presidente, primeiro o Projeto de Decreto Legislativo, da viagem. Creio que enquanto se vota isso, as Lideranças podem se reunir e acertarmos a continuidade. A minha sugestão seria essa.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Então, para que esta Presidência e todos os Vereadores possam entender, o Requerimento da Ver.ª Helena Bonumá é de que entremos no período da Ordem do Dia, votemos primeiro o Projeto que autoriza a viagem do Sr. Prefeito. Votado esse Projeto, suspende-se por um minuto para que as lideranças possam definir o restante.

A proposta do Ver. Nereu D’Avila é diferente, é que votemos a viagem do Sr. Prefeito e retornemos à Pauta. É que depois que estivermos na Ordem do Dia, temos de seguir.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Eu acho razoável a última proposta apresentada. Vamos entrar na Ordem do Dia para votarmos a viagem do Sr. Prefeito, porque é prioritário, é quinta-feira às 11h. E depois veremos a conveniência do que será votado a posteriori.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação Requerimento de autoria da Ver.ª Helena Bonumá. (Pausa.) O Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO com um voto “não” do Ver. Haroldo de Souza e duas abstenções dos Vereadores João Antonio Dib e Isaac Ainhorn.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/ 05 minutos/ com aparte;

encaminhamento: autor e bancada/ 05 minutos/ sem aparte)

 

PROC. 2023/01 – PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 004/01, de autoria da Comissão de Constituição e Justiça, que autoriza o Prefeito Municipal a ausentar-se do País, de 10 a 12 de maio de 2001, para viajar a Argentina.

 

Parecer:

 - da CCJ. Relator: Ver. Estilac Xavier: pela aprovação do Projeto.

 

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): PDL nº 004/01, autoriza o Prefeito Municipal a ausentar-se do País de 10 a 12 de maio de 2001 para viajar a Argentina. Em discussão. (Pausa.) Em votação. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar pela Bancada do PFL.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, Senhoras e Senhores fiz questão de vir a esta tribuna para fazer encaminhamento apenas para justificar o voto que vou dar neste Projeto. Nós, durante praticamente toda a Legislatura passada, votamos quase todos esses Projetos onde o Prefeito buscava autorização desta Casa para viajar, com ônus para o Município, contrariamente. E, votávamos contrariamente porque não víamos por que Porto Alegre tinha de pagar, por exemplo, para o Dr. Raul Pont ir discursar em Paris, ou discursar lá em Saint Denis, onde foi disputada a Copa do Mundo e onde ele foi com o dinheiro de Porto Alegre para assistir aquela abertura. Depois, foi fazer uma palestra onde recebeu mais mil reais, na Venezuela, também com tudo pago aqui por Porto Alegre. Então, eu votava contrariamente a esses Projetos, mas, normalmente, esses Projetos passavam por esta Casa, muito embora eu sempre tenha votado contrariamente.

Agora, esse pedido está sendo diferente, muito embora com ônus para Porto Alegre, o Prefeito Tarso Genro pede autorização a esta Casa para viajar, mas para participar de um projeto cultural que vem sendo desenvolvido há algum tempo pela Secretaria de Cultura do Município, e já tive oportunidade de participar deste Projeto também viajando até Buenos Aires e vi que, realmente, o problema da integração entre essas duas culturas, Buenos Aires e Porto Alegre, se dá durante essas ocasiões. Acho que essa integração pode até mesmo ser benéfica para Porto Alegre. Não vi até agora grandes resultados. Mas não vou mentir que acredito que possa, em algum momento, em algum instante trazer algum resultado em termos de idéias, de projetos para serem implantados aqui em nossa Cidade. Por isso, acho que pode até ser justificada essa viagem do Prefeito Tarso Genro para Buenos Aires, com custo para os cofres municipais.

Com relação a esta viagem, eu vou votar favoravelmente. Mas não com relação a todas as outras viagens que foram realizadas de forma diferente daquilo que eu penso: que o Prefeito, quando viajar, tem de viajar para lá exercitar os interesses da nossa sociedade que representamos. Para aqueles Projetos sempre votei de forma contrária; para este vou dar o voto favorável e tenho certeza de que a Bancada do PFL, composta também pelo Ver. Reginaldo Pujol, toda a Bancada do PFL vota favoravelmente a este processo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação a prorrogação da Sessão por mais duas horas. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar o PDL nº 004/01.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu serei muito breve, por isso encaminho daqui. É para dizer apenas ao Prefeito Tarso Fernando Genro que eu e a minha Bancada lhe desejamos uma feliz viagem, o melhor retorno e também para dizer da minha satisfação de ver que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. O ofício de S. Ex.ª o Sr. Prefeito diz que ele sairá de Porto Alegre às 12h do dia 10 de maio, retornando no dia 12 de maio. Ainda bem que ele não colocou a hora, porque senão teria de fazer uma emenda ou pedir destaque, principalmente agora que o nosso Aeroporto pela manhã, e às vezes à noite, está fechado por forte cerração.

Sr. Prefeito Tarso Genro, a minha Bancada reitera: boa viagem e feliz retorno. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para encaminhar o PDL nº 004/01.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, muitas vezes esta Câmara tem dado mostras de irritabilidade em relação a muitas ausências do Sr. Prefeito Municipal. Lembro-me que, na Legislatura passada, alguns Srs. Vereadores - eles têm todo o direito, para isso foram eleitos - indagavam do então Prefeito anterior sobre as suas constantes viagens, até porque há viagens e viagens. Por exemplo, houve uma viagem em que o Sr. Prefeito habilmente encaixou para assistir o início da Copa do Mundo na França, foi um jogo de esperteza. Além do mais, ainda nos arredores de Paris, achando que o mundo não era tão pequeno como é, teceu críticas ao sistema de representatividade parlamentar.

Estranhou-se duas vezes, primeiro porque o Sr. Raul Pont foi parlamentar e, segundo, porque, embora, como no meu caso, eu respeite e até ache que o sistema político de participação popular seja um indício avançado nas civilizações, sou daqueles que, também, não acredita em Papai Noel, porque a democracia direta, nós a estudamos nos bancos escolares de Direito, nem nos países de pequeno tamanho, como Suécia, Suíça e outros, não deu certo porque ela não é uma assembléia reunida em praça pública que define os destinos de um povo. Então, S. Ex.ª teceu críticas a esta Câmara, indiretamente, o que provocou certo desconforto entre nós. Mas, esta viagem que está em tela, em discussão, é o que denominamos de “Porto Alegre em Buenos Aires” e, a posteriori, “Buenos Aires em Porto Alegre”. Como estamos sempre, aqui, ao Sul do País, querendo o fortalecimento do MERCOSUL, que agora, inclusive, vê-se ameaçado pela ALCA, cuja discussão política é muito importante para os destinos do Cone Sul, eu creio que este intercâmbio é muito importante – até já participei, em outras oportunidades – porque praticamente temos a mesma língua, praticamente temos os mesmos costumes, o mesmo clima, os mesmos interesses econômicos, embora diversificados por situações peculiares de cada País. Esta é uma tradição cultural que se cristalizou nas nossas tradições – “Porto Alegre em Buenos Aires” e “Buenos Aires em Porto Alegre” - e, portanto, é algo que, no meu entendimento – e já estive presente numa oportunidade, junto com o Ver. Luiz Braz e o Prefeito Raul Pont, participando, juntamente com a Secretária Margarete –, foi um intercâmbio positivo e deve ter continuidade. Portanto, nesse interregno, nesse diapasão, somos absolutamente favoráveis a essa viagem que o Sr. Prefeito Tarso Genro irá liderar, inclusive com a presença de alguns Vereadores que nos representarão nessa viagem a Buenos Aires, dia 10 próximo. Portanto, somos absolutamente favoráveis a essa licença do Sr. Prefeito Municipal, porque fortalecerá os laços culturais e de solidariedade continental da bonita Cidade de Buenos Aires com a nossa querida e mui leal e valerosa Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação o PDL nº 004/01. Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Também colocamos em votação Ofício enviado pelo Sr. Prefeito, convidando este Presidente, assim como dois Vereadores designados por esta Presidência, para participar da cerimônia de abertura e demais atividades culturais que compõem a programação do VI Porto Alegre em Buenos Aires. A abertura oficial será às 20h do dia 10 de maio, com a presença do Prefeito da Cidade de Buenos Aires. Democraticamente, esta Mesa tem tentado, Ver. Reginaldo Pujol, demonstrar claramente a existência de três blocos. Como este Vereador representa um bloco, em acordo com as demais Lideranças ficou de ser indicado um representante pelo bloco formado pelo PT, PSB e PC do B. Foi designada a Ver.ª Maristela Maffei. Pelo bloco composto pelo PDT e PTB foi designado o Ver. Cassiá Carpes.

Além da licença dos Vereadores, estamos requerendo, na forma regimental, o pagamento de uma diária e meia para cada um dos Vereadores. Legalmente teríamos o direito a duas diárias e meia. Está sendo solicitada por esta Casa uma diária e meia para cada Vereador.

Em votação o Requerimento nº 126/01, solicitando a licença dos Vereadores Fernando Záchia, Maristela Maffei e Cassiá Carpes para participarem do VI Porto Alegre em Buenos Aires, de 10 a 12 de maio e o pagamento de uma diária e meia para cada Vereador. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Suspenderemos os trabalhos por um minuto para acordo de Lideranças em relação ao Requerimento de autoria da Ver.ª Helena Bonumá. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 18h47min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia – às 18h50min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. João Bosco solicita verificação de quórum. Visualmente não há quórum, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h51min.)

 

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